O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, dividiu a atuação da autoridade monetária com relação à inflação de 2017 em dois momentos e destacou a necessidade inicial de reancorar as expectativas para o IPCA.

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“Ainda em 2016, fez-se necessário produzir uma quebra na dinâmica do processo inflacionário, em particular, reancorar as expectativas de inflação. Assim, a taxa Selic foi mantida, até outubro de 2016, em 14,25% a.a., patamar em que estava desde julho de 2015”, argumentou, em carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

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Na avaliação de Goldfajn, a ação e a comunicação da política monetária teriam sido fundamentais para reancorar as expectativas, o que, segundo ele, é “elemento-chave” para o êxito do regime de metas para a inflação.

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“Desvios da inflação corrente em relação à meta se transmitiam para as expectativas referentes a horizontes mais longos. Esse comportamento ficou claro no segundo semestre de 2015, quando mudanças nas expectativas para a inflação em 2015 e 2016 transmitiam-se não apenas para 2017, mas também afetavam as expectativas para a inflação em 2018, 2019 e 2020”, detalhou.

Já ao longo de 2016, defendeu Goldfajn, as mudanças na condução da política econômica e a postura firme da política monetária permitiram a ancoragem das expectativas, que convergiram ao longo do segundo semestre, para patamares compatíveis com as metas.

“À medida que o processo inflacionário dava sinais de que estava sendo debelado e a reancoragem das expectativas de inflação se consolidava, foram criadas as condições para o processo de flexibilização monetária”, acrescentou. “A política monetária entrou, então, no segundo período, marcado pelo início da queda da taxa Selic, em outubro de 2016, e pela continuidade desse movimento até o momento atual. Durante esse período, a taxa Selic diminuiu 7,25 ponto porcentual (p.p.), para 7,0% a.a.”, completou Goldfajn.

A carta aberta traz as justificativas do Banco Central para o fato de a inflação oficial de 2017, divulgada nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ter ficado abaixo de 3,0%, em 2,95%. O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2017 era de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 3,0% e 6,0%). Pelas regras do regime de metas, sempre que a inflação fugir do intervalo estabelecido, o presidente do BC precisa enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda – que é, tecnicamente, o presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável pelo estabelecimento das metas.

No passado, o descumprimento havia ocorrido nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2015. Em todos estes casos a inflação havia ficado acima do teto do intervalo da meta. Em 2017, porém, o problema foi uma inflação muito baixa, inferior ao piso.