O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse hoje que não tem nenhuma preocupação com a perspectiva de financiamento do déficit em conta corrente em 2010, apesar de o BC prever que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) não será suficiente para fechar a conta. O BC prevê para este ano um déficit em conta corrente recorde de US$ 49 bilhões e um IED de US$ 45 bilhões.
Segundo Altamir, a diferença será coberta com os empréstimos de empresas no exterior e pelo investimento de estrangeiros no Brasil em ações e na renda fixa. “A perspectiva é boa para a economia brasileira e isso atrai mais investimentos em ações e renda fixa”, afirmou. Altamir lembrou ainda que a busca de empréstimos no exterior por empresas brasileiras é um sinal positivo de que o mercado externo está aberto para companhias nacionais.
Altamir informou ainda que, se confirmadas as projeções para 2010 divulgadas hoje, esta será a primeira vez desde 2001 que o IED não será suficiente para cobrir o déficit em conta corrente. Por outro lado, ele lembrou que hoje o Brasil está em uma situação bem menos vulnerável, na comparação com o passado, por conta das reservas internacionais.
IED
O chefe do Departamento Econômico do BC informou ainda que o fluxo de IED para o Brasil em março, até hoje, soma US$ 1,1 bilhão. Para o fechamento do mês, ele prevê saldo de US$ 1,5 bilhão.
O volume representa menos da metade dos US$ 4 bilhões de déficit que ele projeta para a conta corrente no mês de março. Altamir informou ainda que o déficit de US$ 3,251 bilhões na conta corrente em fevereiro foi o mais alto da série do BC, iniciada em 1947, para meses de fevereiro. Já o IED de US$ 2,849 bilhões em fevereiro foi o mais elevado para o mês desde 1999.
Ações
De acordo com Altamir, o investimento estrangeiro em ações brasileiras somou US$ 842 milhões em março até hoje. A maioria dos recursos foi atraída pelos papéis negociados no Brasil, responsáveis pela entrada de US$ 819 milhões. Os títulos brasileiros de renda fixa atraíram US$ 1,516 bilhão no mesmo período, apenas no mercado doméstico.