Um dia após a eleição e já com a certeza do segundo turno na disputa presidencial, o Banco Central resolveu assumir uma postura mais agressiva para tentar conter a alta do dólar. A partir de amanhã (8), o BC está dificultando as operações no mercado de câmbio, elevando a exigência de capital próprio das instituições financeiras para investimento de 50% para 75%. Essa era uma medida que os analistas de mercado vinham aguardando há mais de 20 dias quando a cotação do dólar passou dos R$ 3,30 e, desde então, resiste a cair. Há cerca de 10 dias, quando a moeda estrangeira se aproximou dos R$ 4, acreditava-se que essa decisão era questão de horas.

No entanto, somente hoje (7), o diretor de Normas do BC, Sérgio Darcy, anunciou a medida, que foi classificada como uma regra ?prudencial? para evitar o aumento do risco dos bancos que estão com excesso de dólar em carteira. O diretor disse que era ?uma mera coincidência? a medida ter sido tomada logo após as eleições, mas não quis falar desde quando a nova regra estava sendo cogitada pela diretoria do BC.

Segundo Darcy, esse é um dos instrumentos que o BC dispõe para atuar em momentos de volatilidade. ?O BC já adotou outras medidas que não surtiram o efeito esperado?, afirmou, referindo-se às mudanças no recolhimento compulsório dos bancos, aos leilões de contratos de câmbio (swap) e de linhas externas.

O diretor rebateu ainda críticas de que o BC estaria agindo agora para favorecer o candidato do governo e não aceitou provocações quando jornalistas lembraram que, horas antes, o candidato da oposição tinha dito que o governo é que deveria agir para acalmar o mercado. ?O BC não atende a pedido de nenhum candidato?, disse.

A medida anunciada pelo BC era esperada justamente porque representa um forte golpe nos bancos que estão operando pesadamente no mercado de câmbio nas últimas semanas. Ao exigir que as instituições tenham mais capital para fazer frente a essas operações, o BC, na prática, vai obrigar muitos bancos a se desfazerem dos dólares acumulados na carteira. Por exemplo, uma instituição que opere apenas com câmbio e tenha R$ 100 investido nessas operações, precisava, até hoje, de ter R$ 50 de capital próprio. Agora, esse valor sobe para R$ 75.

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