O Banco Central da Suíça interveio nos mercados de moeda na noite de domingo, para estabilizar o valorizado franco suíço, após os temores de que a Grécia possa sair da zona do euro impulsionarem um movimento de compras da moeda suíça. O presidente do BC suíço, Thomas Jordan, afirmou que a instituição tem estado ativa para tentar estabilizar o franco.

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“A situação atual é muito difícil e nós estamos observando os acontecimentos atentamente”, afirmou Jordan, referindo-se aos problemas financeiros da Grécia e à pressão que isso coloca sobre a moeda de seu país. Falando em um evento em Berna, ele se recusou a dar detalhes sobre o tamanho da intervenção ou se essa era a primeira atuação do banco nos mercados de câmbio desde 15 de janeiro, quando o BC suíço acabou com um teto para a valorização do franco.

A mais recente ação do BC suíço acontece em meio à piora na situação na Grécia, cuja crise da dívida deixa o país mais perto de sair da zona do euro. Nesta semana, Atenas determinou os fechamentos dos bancos do país, antes do referendo no próximo domingo para se saber se a Grécia aceita ou rejeita o plano dos credores. O BC grego impôs controles de capital para impedir um colapso do sistema financeiro nacional.

O franco suíço, uma opção tradicional em momentos de estresse econômico ou político, valorizou no início das negociações na Europa. O euro recuou cerca de 0,4% ante o franco, na abertura dos mercados na Ásia. Perto das 16h50 (de Brasília), porém, o euro recuava apenas 0,00012%, quase estável.

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Na semana passada, Jordan disse que o franco permanecia “significativamente sobrevalorizado” e que o BC do país estava disposto a intervir no mercado de câmbio, se necessário. Hoje, ele justificou a ação, dizendo que havia de fato necessidade de intervenção.

O BC suíço lida com os efeitos de um franco forte desde que surpreendeu os mercados financeiros em janeiro, acabando com uma política que durou três anos e meio e que limitava a valorização a 1,20 franco por euro. O franco avançou desde então 13% ante o euro, desde o início do ano.

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O BC suíço já impôs taxa de juros negativa, para reduzir a atratividade pela moeda. Neste mês, a taxa de depósito foi estabelecida em -0,75%, na prática impondo uma taxa sobre os depósitos dos bancos comerciais. O BC suíço também manteve sua faixa alvo para a taxa interbancária Libor de três meses, para entre -1,25% e -0,25%.

A alta no franco coloca pressão sobre as exportações suíças com a zona do euro, o maior mercado para produtos do país como maquinário e químicos. Analistas dizem que a medida do BC suíço pode se mostrar eficaz. “A demanda pelo franco tem sido limitada devido à intervenção do BC da Suíça no mercado spot”, afirmou Stephen Gallo, estrategista do Bank of Montreal. Antes do referendo do domingo na Grécia, Gallo acredita que o euro deve permanecer acima de 1,0250, mas abaixo de 1,0500 ante o franco.

As intervenções do BC reduzem a atratividade da moeda como um porto seguro. Mais intervenções devem ocorrer nos próximos dias, disse Josh O’Byrne, analista do Citigroup. “O mercado de câmbio continuará volátil, mas o franco não é tão atrativo como uma opção segura com o banco central trabalhando contra você”, comentou ele. Fonte: Dow Jones Newswires.