Em meio aos contínuos avanços do dólar sobre a moeda local, o Banco Central da República Argentina (BCRA) adotou nesta quarta-feira uma resolução determinando, com vigência imediata, que entidades financeiras no país só poderão desembolsar novos financiamentos em pesos a empresas categorizadas como “grandes exportadoras” se obtiverem autorização prévia do BCRA.
Na prática, a medida força essas companhias a vender dólares para custear suas atividades diárias no país vizinho.
Segundo a resolução do BCRA, são consideradas “grandes empresas exportadoras” aquelas em que exportações representem ao menos 75% das vendas totais nos últimos 12 meses e que mantenham um volume total de financiamentos obtidos em pesos no conjunto do sistema financeiro superior a 1,5 bilhão de pesos.
Caso a empresa se enquadre no primeiro critério, mas não no segundo, ela poderá receber novos financiamentos em moeda local na medida em que, com as novas entradas, não supere o limite de 1,5 bilhão de pesos.
O economista-chefe da consultoria Ecolatina Argentina, Matias Rajnerman, aponta que a resolução afeta principalmente exportadoras de produtos agrícolas.
“Lamentavelmente, essa medida chega tarde”, ele escreve em sua conta no Twitter. “Principalmente porque a saída da colheita grossa de soja é no segundo e no terceiro trimestres, assim que quase todos os gastos em pesos argentinos já foram feitos. Ademais, ainda que a colheita fina, de trigo e milho, seja no encerramento do ano, a campanha já começou.”
Rajnerman avalia que as restrições impostas pelo BCRA, “como com quase todas as medidas intervencionistas que tomou” o governo do presidente Mauricio Macri, “se tomam com ‘medo’, a conta-gotas e em momentos em que o seu principal impacto chega tarde”.