No mês de janeiro, a taxa de juros cobrada pelos bancos para o cheque especial atingiu 171,5% ao ano. O dado consta de pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central, e confirma outra, divulgada na semana passada pelo Procon de São Paulo, que apontava a taxa de juros dos bancos em níveis estratosféricos: 185,22% ao ano. Mesmo sendo menor, a taxa divulgada pelo BC mostra que é a maior cobrada desde maio de 99. De dezembro para janeiro, houve um aumento de 7,6 pontos percentuais na taxa do cheque especial.
As operações de crédito pessoal para pessoas físicas também tiveram uma elevação da taxa de juros, de 91,8% ao ano para 95,3% ao ano. Se forem levados em consideração os juros cobrados de empresas e pessoas físicas, a taxa média subiu de 51% ao ano em dezembro de 2002 para 54% ao ano em janeiro.
O BC justificou essa alta como resultado da perspectiva de depreciação cambial no curto prazo, o que elevou as taxas de empréstimos que têm como referência o dólar.
Além disso, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse que os próprios bancos tiveram que pagar mais juros para captar dinheiro no mercado, e isso foi repassado ao consumidor.
Segundo o BC, a taxa de captação paga pelos bancos em janeiro atingiu 22,5% ao ano, a maior desde setembro de 2001, quando a havia sido de 22,8% ao ano. Isso deve-se, entre outros fatores, ao aumento da taxa Selic – a taxa básica de juros da economia brasileira – decidido pelo Banco Central.
No mês passado, o BC aumentou a Selic de 25% para 25,5% ao ano, e este mês novo aumento, passando a taxa básica para 26,5%. Com isso, os títulos do governo brasileiro ficam mais atrativos, já que quase dois terços deles são indexados à Selic. O reflexo negativo é que empresas e bancos que quiserem captar dinheiro no mercado também terão que pagar mais juros para não perderem atratividade em relação aos títulos públicos.
Spread
O BC notou, no entanto, que, além de maiores custos, a margem de ganho dos bancos com as operações de empréstimo, o chamado ??spread bancário??, também cresceu e chegou a 31,5% ao ano em janeiro, contra os 31,1% ao ano do mês anterior.
Além disso, o BC informou que a inadimplência, que sempre é usada pelos bancos como justificativa para os juros altos, ficou estável em janeiro. Assim como em dezembro, 8% dos empréstimos vencidos não foram pagos no mês passado.
Procon
Segundo pesquisa divulgada pelo Procon-SP na semana passada, a taxa média para o cheque especial tinha sido de 185,22% em janeiro deste ano, e não de 171,5% como informou o BC ontem.
A diferença entre os resultados pode ser explicada pela abrangência dos dois levantamentos. O Procon leva em conta as taxas cobradas por apenas 13 bancos, enquanto a pesquisa do BC é muito mais abrangente.