BC aponta que concessão de crédito em abril passa nível pré-crise

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, informou hoje que a média diária das concessões de crédito em abril deste ano atingiu R$ 7,2 bilhões, superando a média de R$ 7,1 bilhões por dia verificada no período de janeiro a setembro do ano passado. Ele afirmou que o crédito foi um dos canais por meio do qual a crise financeira atingiu o Brasil, mas destacou que esse segmento está se regularizando. A despeito desse sinal, Meirelles ponderou que o movimento de recuperação foi muito concentrado nos grandes bancos, com destaque para as instituições públicas.

Citando dados comparando o crédito de abril de 2009 com o setembro de 2008, as instituições de grande porte tiveram expansão de 11%, enquanto os bancos pequenos e médios ficaram 5% abaixo. Mas Meirelles ressaltou que com as medidas adotadas pelo Banco Central para viabilizar a captação de recursos pelas instituições de menor porte, os bancos pequenos estão retomando seu papel no mercado. “O crédito ainda não está regularizado, mas está em movimento de regularização”, disse Meirelles, que participa de audiência pública conjunta da Câmara sobre a crise.

Reservas

O presidente do BC destacou também que alguns indicadores macroeconômicos já voltaram ao nível que exibiam no momento em que teve início a fase de recrudescimento da crise financeira internacional. Ele lembrou, por exemplo, que as reservas internacionais pelo critério de liquidez estavam em US$ 205 bilhões em agosto do ano passado. Na última segunda-feira (dia 1º), as reservas somavam US$ 205,4 bilhões. “Em resumo, o Brasil é um dos poucos países que já tem volume de reservas superior ao da entrada da crise.”

O presidente do BC comparou também o nível da dívida líquida do setor público em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nos dois momentos. De acordo com ele, essa taxa estava em 40,5% quando houve a piora da crise e, pelo último dado do BC, estava em 38,4%.

Durante a audiência, Meirelles citou ainda as medidas tomadas pelo BC desde então, como venda de dólar no mercado à vista, leilões de linhas para exportadores e redução de depósito compulsório, entre outros. “Algumas dessas medidas são consideradas como modelo em vários fóruns mundiais e estão sendo estudadas”, enfatizou. De acordo com o presidente do BC, essas medidas foram possíveis porque a instituição possuía reservas suficientes para atuar no mercado cambial.