As reformas para a zona do euro precisam incluir a possibilidade de um país entrar em default (calote) se não conseguir cumprir com as exigências para o recebimento de um pacote de socorro, afirmou Jens Weidmann, presidente do Banco Central da Alemanha e membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE). Weidmann disse à Comissão parlamentar da Alemanha que as reformas para a zona do euro podem enfraquecer parcialmente os incentivos para uma política fiscal sólida entre os Estados membros do grupo. Para evitar que isso aconteça, o presidente do BC alemão afirmou que o livro de regras da zona do euro, seu Pacto de Estabilidade e Crescimento, precisa ser fortalecido para que aqueles que violarem as normas possam ser mais facilmente punidos, ao invés de passarem por um processo político.
Em um sistema, no qual a política fiscal é descentralizada e os Estados assumem a responsabilidade por suas próprias finanças, a ajuda pode somente ser concedida numa capacidade limitada e sob condições restritas, afirmou o presidente do BC alemão. Além disso, em última análise, são os Estados que recebem ajuda que decidem se eles preenchem, ou não, as condições.
“Essa responsabilidade nacional requer urgentemente nesse modelo que nenhum socorro financeiro seja concedido se as condições (para a ajuda) não foram cumpridas e que um default nacional com consequências correspondentes para o Estado e investidores privados não seja excluído”, destacou Weidmann. Ele não mencionou a Grécia nesse contexto, contudo, e não pareceu estar sugerindo que seria permitido que a Grécia declare default, nas atuais circunstâncias.
Os investidores estão incrivelmente preocupados que a Grécia terá de declarar default de suas obrigações e isso alimentou um debate na Alemanha, com o ministro da Economia, Philipp Roesler, afirmando publicamente que um default grego não deveria ser descartado. Durante o fim de semana, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, repreendeu Roesler, dizendo que só ele e a chanceler Angela Merkel são responsáveis pelos assuntos ligados ao euro.
Weidmann também reiterou sua preocupação de que o acordo fechado pelos líderes da zona do euro no dia 21 de julho para expandir os poderes da Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), se mova em direção a uma coletivização das responsabilidades e reduza a disciplina no mercado, sem reforçar o controle sobre as políticas fiscais nacionais.
Ele disse que o prêmio cobrado dos países que tomam emprestado recursos da EFSF deveria continuar pelo menos dois pontos porcentuais acima dos custos de financiamento. Weidmann repetiu que a compra pela EFSF de bônus governamentais no mercado secundário reduzirá os incentivos para uma política fiscal apropriada. As informações são da Dow Jones.