O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, abriu o 4º Congresso Internacional de Gestão de Riscos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), nesta terça-feira, 30, discorrendo sobre a importância da implantação do acordo de Basileia 3. Segundo ele, o acordo foi uma resposta aos problemas causados pela crise financeira internacional de 2008, que, segundo ele, veio com severidade e amplitude global, com uma capacidade grande de destruição de riquezas.

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“O que se verificou é que não foi uma crise apenas de aspectos regulatórios, mas também de supervisão. Portanto reforma de Basileia 3 não pode ser vista só como uma mudança regulatória”, disse. Meirelles afirmou que a questão principal é que “não podemos economizar esforços para evitar repetição” da crise de 2008. Para ele, o mundo vive até hoje as consequências dessa crise, que foi a maior dos últimos 85 anos. Mas é possível, de acordo com o diretor do BC, mitigar os riscos e caminhar para uma área de maior transparência.

Ele ponderou que a grande lição da crise é que, para manter a estabilidade, é necessária a união dos vários atores do mercado financeiro. Meirelles destacou ainda que o acordo de Basileia 3 cria novas regras para tornar o sistema financeiro mais resiliente e para reduzir o risco sistêmico em caso de nova crise, além de amparar um crescimento sustentável da economia.

Brasil

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Meirelles avaliou que todas as medidas que o acordo de Basileia 3 traz de novo para o sistema bancário não é novidade para o ambiente do Brasil. Isso porque, segundo ele, o País já atende a todos os requerimentos do acordo e até acima do mínimo exigido.

“Tudo que Basileia 3 traz de novo, não é tão novo para o ambiente do Brasil”, afirmou durante palestra de abertura do 4º Congresso Internacional de Gestão de Riscos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na capital paulista. Ele disse que o sistema financeiro brasileiro é bastante sofisticado e que exige sistema de regulação a altura.

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Ele disse que o sistema bancário brasileiro terá “muito pouca” dificuldade para se adaptar ao acordo de Basileia 3, não só do ponto de vista de capital, mas da filosofia do próprio acordo. Segundo ele, há no Brasil uma legislação que responsabiliza controladores e executivos para responder, em caso de danos, com seu próprio patrimônio.

Meirelles disse ainda que o sistema financeiro do País é bastante sólido e bem capitalizado, com histórico de requerimentos conservadores capazes de fazer a migração para o que propõe o acordo. “O Brasil, pelo que aprendeu de crises anteriores, tem situação favorável para fazer essa migração”, declarou.

Governança

Segundo o diretor do BC, os principais esforços que o acordo de Basileia 3 vai requer das instituições financeiras são maior envolvimento da alta administração com a boa governança e planos de gestão de risco. “Esse é o pilar, o ponto de partida. Se tem isso, já tem metade do caminhado andado”, afirmou.

Isso porque, de acordo com ele, em caso de liquidação de uma instituição, mesmo que ela não tenha importância sistêmica, há danos no ambiente em que ela atua e deterioração da imagem do sistema. “Mesmo que não haja um interação sistêmica com o sistema financeiro, sempre há algum dano e deterioração de imagem”, reforçou. Segundo ele, outros esforços que o acordo vai requer das instituições são aprimoramento da gestão de capital e melhor gerenciamento de liquidez e da alocação de ativos.