O diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, disse nesta quinta-feira, 21, que no departamento econômico do banco não se trabalha com a tese de que uma série de reajustes de tarifa de serviços, o chamado tarifaço, possa provocar uma explosão na taxa de inflação do País.

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De acordo com ele, que proferiu palestra em evento da SCA System Consultores Associados em São Paulo, é sabido que se necessita ajustar os preços administrados, mas “não acreditamos na tese do tarifaço no sentido de que vai haver uma explosão da inflação”. Para o economista, enquanto os preços administrados estiverem sendo ajustados, outros preços como os dos alimentos e dos serviços deverão mostrar queda.

Para o Bradesco, a tarifa de energia deverá ser aumentada em 16% neste ano e em 14,50% em 2015. Para a gasolina o economista espera um aumento de cerca de 5% na bomba para este ano, o que significa mais ou menos 16% de alta nas refinarias. “E isso já está no nosso IPCA para o ano que vem”, disse Barros, que projeta uma inflação de 6,3% para este ano e de 6% para 2015.

Câmbio

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De acordo com Barros, há muita controvérsia nas discussões sobre a taxa de câmbio. “Nenhum economista sério pode dizer que o câmbio vai ser isso ou aquilo. A nossa previsão assusta muita gente porque alguns acham que precisamos ter mais câmbio. É natural, não vou brigar se alguém nesta sala dizer que precisamos de mais cinco centavos na curva a cada ano”, afirmou.

“Mas não posso deixar de mencionar que o que determina câmbio no curto prazo não são os fundamentos macroeconômicos. Não é pessoal”, enfatizou Barros. “Fundamento determina câmbio”, continuou, “é no médio e longo prazos. No curto prazo, o que determina taxa de câmbio é confiança. Confiança sim aprecia câmbio”.

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De acordo com o diretor do Bradesco, “se piorar a confiança, o câmbio pode se apreciar mais ainda”. Ainda segundo ele, se as taxas de juros dos Treasuries dos EUA “se abrirem mais rápido é evidente que a taxa de câmbio aqui vai andar mais rápido também”.

“Mas eu não acredito. Acho que as Treasuries vão se abrir de forma muito lenta e acho que, com os ajustes adaptativos que nós vamos fazer, independente de quem vai ganhar a eleição, poderemos ter uma melhora da confiança e isso atenua bastante a depreciação que, teoricamente, os fundamentos sugerem. Além do que o diferencial entre as taxas de juros do Brasil e do mundo vai continuar gigantesco”, explicou, acrescentando que para o cenário inflacionário isso é relevante.

“Nós temos um patamar de inflação que vai manter a taxa de juros ainda neste patamar de 11%. E a taxa de juros no mundo vai continuar relativamente baixa. Ou alguém se ilude que Japão e Europa e mesmo Estados Unidos vão crescer de forma exuberante levando a uma mudança na política monetária?”, questionou Barros.

Então, disse ele, esse diferencial de juros num país como o Brasil, que não tem problemas de solvência, de calote, manterá os fluxos de capitais interessados ainda em Brasil.

O Bradesco trabalha com taxas de câmbio de R$ 2,35 em 2014, R$ 2,45 em 2015, R$ 2,55 em 2016, R$ 2,62 em 2017 e R$ 2,70 em 2018.