A barragem da Usina de Salto Caxias, no Rio Iguaçu, em Capitão Leônidas Marques, não oferece risco algum. A garantia é do engenheiro aposentado Nelson Luiz de Souza Pinto, que trabalhou por mais de 30 anos na Copel, foi um dos responsáveis técnicos pela Usina de Salto Caxias e diretor do Centro de Hidráulica da Universidade Federal do Paraná. Para o engenheiro, o alarde criado sobre a fissura da barragem tem conotação política e não técnica.
?Não é a primeira vez que aparece esta notícia com sensacionalismo. Fiquei surpreso pela irresponsabilidade da notícia, que só pode ter origem política?, afirmou Nelson Pinto. ?Não vejo por que assustar a população com um problema que não existe, dando a falsa idéia de que a barragem pode desabar.? Segundo o engenheiro, que hoje é consultor independente de usinas e barragens, existem várias barragens no mundo com problemas semelhantes, que requerem apenas monitoramento permanente. ?Não vale a pena fazer uma intervenção total. A trinca produz vazamento de alguns litros de água por segundo e, em termos de geração de energia, é algo desprezível?, apontou. De acordo com o engenheiro, uma maneira de contornar o problema seria colocar o veda-junta por dentro dos reservatório. ?Isso teria que ser uma operação submarina. É possível, mas muito mais cara do que o prejuízo causado pela trinca.?
O engenheiro conta que trabalhou durante toda a construção da barragem e que as fissuras ocorrem por tensões térmicas. ?A diferença entre a temperatura externa e o corpo da barragem pode provocar tensões e às vezes ocorrem essas trincas?, explicou. ?É claro que isso causa certo mal-estar, mas nunca, em momento algum, achamos que houvesse qualquer risco para a obra?, arrematou ele.
Copel
A presidência da Copel informou que vai corrigir as fissuras existentes na barragem da Usina de Salto Caxias assim que estudos especializados que estão em andamento indiquem o momento mais apropriado e seguro para a execução das obras. ?Barragens são construídas para conter água, e pontos de fissura são anomalias que tanto podem ser conseqüência de uma falha de projeto, de execução ou de fiscalização e controle?, disse o diretor de gestão corporativa e presidente em exercício da Copel, Luiz Antônio Rossafa. ?Não podemos nos sentir confortáveis com a presença de fissuras em uma barragem nossa e nem conviver indefinidamente com elas?, observou.
O presidente em exercício afirmou que as fissuras em Salto Caxias estão estabilizadas e que a intervenção corretiva está sendo planejada. ?O reparo é uma intervenção possível que, devidamente programada, vai sanar definitivamente essas anomalias, reduzindo os custos da Copel com monitoramento, estudos, relatórios e consultoria especializada.? Segundo disse, o planejamento visa garantir segurança aos técnicos envolvidos, à população das imediações e, também, à operação do sistema elétrico interligado.
A barragem da Usina de Salto Caxias tem 1.083 metros de comprimento na crista e altura máxima de 67 metros, servindo também como ligação rodoviária entre os municípios de Capitão Leônidas Marques e Nova Prata do Iguaçu, situados nas margens do Iguaçu.
A construção da hidrelétrica, inaugurada em 1999, demorou quatro anos e demandou investimentos superiores a R$ 1 bilhão. Sua capacidade de geração de 1.240 megawatts significa potência suficiente ao atendimento do consumo de uma população de 4 milhões de pessoas.