Sem plantar feijão e milho depois de ter perdido as últimas safras em razão da seca, o produtor Benedito Alencar, de 53 anos, e morador do povoado de Uruás, em Petrolina (PE), diz que ficou “deprimido” nas últimas semanas por ter de pagar R$ 10 por 1 quilo de feijão. “Quando a gente planta e colhe, o produto não vale nada.”

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Ele vive com a esposa e o filho de 19 anos, que está desempregado, e faz bicos. Outros dois filhos se mudaram para a cidade. Ele conta, com orgulho, que um deles é formado em Direito, “depois de ter estudado em escola pública.” A família, diz Alencar, “passa necessidades, mas não passa fome”.

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Parte dos problemas da região seria amenizada com as operações do canal Pontal, para receber água do rio São Francisco. Após 18 anos de obras, o canal com 7,7 mil km ficou pronto em meados deste ano. Levaria água para atividades de fruticultura irrigada a cerca de 35 mil famílias. Contudo, a área no entorno, destinada aos sequeiros (famílias que tiveram a terra desapropriada para a obra), foi ocupada por mais de 600 sem-terra. Segundo os moradores da região, o grupo que ganhou a concessão diz que só vai inaugurar o projeto quando os invasores forem retirados do local.

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Em Ouricuri, a barragem Tamboril, inaugurada nos anos 60, está seca há dois anos. O aposentado Francisco Marques da Silva, de 74 anos, foi um dos operários que trabalhou na construção da barragem, responsável pelo abastecimento de cerca de dez cidades.

“Antes, a gente conseguia plantar jerimum, feijão, macaxeira, mas agora arriou tudo, morreu”, diz Silva. Dos seus dez filhos, quatro deixaram o sertão e foram viver em grandes cidades, como São Paulo. “Eu fiquei aqui porque dou valor a esse lugar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.