Barbosa: ‘nova matriz’ deve estar aliada a câmbio e juro

A ideia de “nova matriz” da política econômica esteve em debate nesta segunda-feira, 18, entre ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa e outros pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Barbosa defendeu que a nova matriz está associada a novos níveis de câmbio e juros e não ao abandono do tripé da política macroeconômica (metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário nas contas públicas).

Após deixar Brasília, no início do ano, Barbosa associou-se neste segundo semestre ao instituto, conhecido por reunir economistas de perfil mais liberal. Ao apresentem suas perspectivas para a economia em 2014, economistas como Sílvia Matos e Samuel Pessôa não pouparam a condução da política econômica.

Para Sílvia, a política econômica atual não enfrentou problemas estruturais e gerou desequilíbrios macro e microeconômicos. Nesse cenário, há baixo crescimento e mais inflação. No entanto, ajustes mais fortes ficarão para 2015. “Estamos numa certa armadilha de baixo crescimento e inflação alta”, disse.

Na visão de Pessôa, a nova matriz “aumentou muito a intervenção na economia, afetou as expectativas e tirou eficiência microeconômica”.

Ao assumir o microfone para fazer sua apresentação, Barbosa começou tocando no tema – destacando com veemência que deixou o governo e, portanto, não fala em nome dele. Segundo o economista, a ideia da nova matriz foi colocada em documentos internos do Ministério da Fazenda no fim do ano passado.

“A percepção é que havia, naquele momento, uma nova matriz de preços relativos”, disse Barbosa, referindo-se a um cenário de câmbio mais depreciado, juros menores e menor carga tributária, na esteira das desonerações de impostos. “Mas com o mesmo arcabouço da política”, completou.

Na palestra seguinte, Armando Castelar, também pesquisador do Ibre/FGV, contra-argumentou que não seria possível alterar os preços relativos de câmbio e taxas de juros sem haver impactos na inflação. O efeito disso acabou sendo a política de desonerar ou segurar preços administrados com o objetivo de reduzir o impacto na inflação.

“O mercado não entendeu a nova matriz econômica. A partir da nova matriz, as expectativas de inflação subiram e as de crescimento caíram”, afirmou Castelar.

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