O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, explicou a lógica da proposta do governo de mudança na desoneração da folha de pagamentos a empresários do setor varejista filiados ao Instituto de Desenvolvimento para o Varejo (IDV) em encontro nesta sexta-feira, 6. Foi o que disse o ministro a jornalistas ao sair de reunião-almoço organizado pela entidade em São Paulo. Segundo o ministro, ele procurou deixar claro para o setor que a desoneração é apenas uma das várias medidas de ajuste econômico adotadas pelo governo. Disse também que é “uma ação bem distribuída que atua mais pelo corte da despesa do que da receita”.
Barbosa disse ter ouvido reclamações do empresariado em relação à tributação, mas, como se trata de matéria pertinente à Fazenda, ele levará as demandas ao ministro Joaquim Levy. “Mas é o momento de todos contribuírem. São ajustes pontuais, mas que vão gerar impactos em outras áreas”, disse o ministro, prevendo já algum crescimento da economia a partir do segundo semestre.
O ministro disse que é importante a participação do setor privado no esforço para elevar o investimento, mas assegurou que o setor público não deixará de fazer a sua parte. “Mesmo com esforço fiscal, estamos mantendo os investimentos. Só nos dois primeiros meses deste ano, no âmbito do PAC, pagamos R$ 10 bilhões”, afirmou Barbosa, acrescentando que o governo está saldando suas dívidas e estudando novos investimentos.
Reuniões com a S&P
Barbosa afirmou que “foram positivas” as reuniões de representantes do primeiro escalão do governo com a equipe de especialistas da Standard & Poor’s (S&P) que esteve nesta semana em Brasília, para realizar uma de suas visitas periódicas ao País que vão ajudar na avaliação do rating soberano. Os executivos da S&P foram recebidos por Barbosa e também pelos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
“O governo conseguiu transmitir a consistência da estratégia de política econômica, num momento adverso da economia”, comentou Barbosa.
Congresso
Barbosa manifestou-se confiante que o Congresso vai atuar ao lado do governo para viabilizar as mudanças necessárias à recuperação da economia. “A classe política tem capacidade de administrar conflitos e produzir consenso”, disse. “Esperamos que no segundo semestre a economia estará crescendo mais rapidamente”, apontou. “E para esse crescimento é a hora da política. O desafio é mais político de construir a sustentação para superar dificuldades. É hora de fazer um novo consenso nacional”, destacou, sem entrar em detalhes.
O ministro destacou que é importante também o governo ouvir a opinião de trabalhadores e empresários, o que já ocorre. Barbosa também ponderou que a sociedade está elevando o debate sobre a gestão do Orçamento, com foco para saber como o governo arrecada e gasta, o que para ele é um fator bastante positivo.
Para o ministro, um dos objetivos do ajuste fiscal é ampliar a transparência do manejo de gastos e aplicação de recursos pelo Poder Executivo. “Houve uma atuação sobre impostos que tiveram desoneração no passado e não foram criados novos”, disse. “É um conjunto de medidas cujo impacto é perfeitamente previsível para a economia”, afirmou. E esse processo já gera sinais positivos, segundo ele. “Com o realismo tarifário maior, vários investimentos em energia estão voltando. Haverá mais oferta de energia nos próximos anos.”