Em contraponto às medidas de ajuste fiscal, os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e do Desenvolvimento, Armando Monteiro, se aliaram para fechar com o setor privado uma agenda de medidas para retomar o crescimento. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tem uma agenda própria de crescimento – chamada de Agenda Brasil – , não participa das reuniões, o que tem alimentado especulações em Brasília sobre mais divergências na área econômica.

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Durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff e ao longo do governo Lula, era o Ministério da Fazenda que capitaneava a interlocução com o setor produtivo num grupo de acompanhamento do crescimento, que tinha representantes do governo e lideranças da iniciativa privada.

O movimento de Barbosa e Monteiro para a definição de uma agenda de curto, médio e longo prazos tem o aval da presidente Dilma. Nesse momento em que começa a conseguir apoio do Congresso Nacional para avançar com as medidas de ajuste fiscal, a presidente que dar respostas aos que cobram ações voltadas para tirar o País da recessão econômica.

Na terceira rodada de reuniões nsta quarta-feira, 18, com dirigentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), foram discutidas medidas de crédito e de liberação dos depósitos de compulsórios para os bancos que renegociarem dívidas das empresas. Esse tipo de medida já foi usada no passado pelo Banco Central.

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“O ministro Nelson, quando chama para essas reuniões, está traduzindo uma disposição do governo de melhorar o ambiente dos negócios e avaliar a estado da economia”, afirmou Monteiro. Ele não escondeu o desconforto com o foco no ajuste fiscal. “Estamos discutindo muito a questão macroeconômica e o ajuste fiscal, mas temos que olhar o ambiente de operações das empresas”, advertiu.

Monteiro destacou que, numa hora como essa, de grande dificuldade, que se traduz em uma queda acentuada do crescimento da economia brasileira e no desemprego, é preciso olhar a microeconomia.

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Compulsórios

O presidente da CNI, Robson Andrade, relativizou a ausência do ministro Levy nas reuniões. Mas acabou dando uma alfinetada no ministro: “Acredito que ele está ocupado com o ajuste fiscal”, disse ele. Ele negou, porém, que o ministro da Fazenda esteja sendo deixado de lado nas discussões. “Não vejo nessa ação nenhum movimento de que o ministro Levy não esteja participando”, ponderou.

Para Andrade, a proposta de liberação dos compulsórios tem “chance” de ser adotada. “É preciso que as empresas tenham fôlego para voltarem a produzir”, disse. Segundo ele, a CNI apresentou propostas que não têm impacto fiscal, como ações na área trabalhista, de licenciamento ambiental e de desburocratização da questão tributaria. Mas medidas para o crédito, disse, são essenciais.

“Hoje as empresas estão endividadas e sem condições de fazer o pagamento das suas dívidas. Nós precisamos criar condições para que elas possam fazer o pagamento e renegociar as suas dívidas”, afirmou Andrade.

Na segunda e terça-feira, Barbosa teve reuniões em São Paulo com representantes de diversos setores de atividade da economia mais sensíveis à escassez de oferta de crédito, além de representantes do setor financeiro.