O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, avaliou nesta segunda-feira, 3, que a exposição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) aos desequilíbrios fiscais de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás em caso de default desses governos chega a R$ 49,8 bilhões, o que levaria a uma necessidade de capital de R$ 9,5 bilhões aos bancos, considerada baixa pelo BC.

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Os cálculos foram feitos a partir da classificação de risco feita pelo Tesouro Nacional para Estados e municípios, e considerou seus servidores e as empresas públicas, além das suas principais cadeias de fornecedores e respectivos funcionários. As contas do BC excluíram os débitos que têm garantias da União, porque são valores recuperáveis.

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Adicionando os Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Acre, Santa Catarina e a cidade de Itabuna (BA) ao primeiro grupo – de RJ, MG, RS e GO -, a exposição do SFN aumentaria para R$ 101,6 bilhões, com necessidade de capital de R$ 19,7 bilhões.

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E com a adição de Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e os municípios com nota C+ a essa simulação, a exposição do SFN chega a R$ 120,7 bilhões, o que demandaria um aporte de capital de R$ 24,3 bilhões.

“Esse exercício mostra que, mesmo estressando a situação fiscal desses entes, o sistema financeiro tem condições de absorver e gerenciar eventuais perdas”, comentou o diretor.

Ativos problemáticos

Meirelles também ser provável que os ativos problemáticos de crédito para pessoas físicas já tenham alcançado um pico, e que agora começaria um processo de normalização. Segundo ele a perspectiva de aumento de ativos problemáticos para o SFN se dá, principalmente, pela grandes empresas.

“Já houve uma desalavancagem importante das famílias”, afirmou. “À medida que a economia melhorar, a tendência é que os ativos problemáticos de pessoas físicas caiam”, completou, ao comentar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2016.

Segundo ele, o aumento de ativos problemáticos de pequenas e médias empresas também já teria ficado para trás. Já entre as grandes corporações, acrescentou, há ainda impactos de ativos problemáticos de companhias envolvidas na Operação Lava Jato, além da Oi e da Sete Brasil. “Essa perspectiva é muito impactada por eventos específicos”, argumentou.

Anthero Meirelles destacou que a distensão monetária, com a queda da Selic, já trará um alívio para o carregamento desses passivos pelas empresas não financeiras. “Na nossa visão, os principais riscos já se materializaram e foram absorvidos pelas provisões adicionais formadas, e nossa expectativa é que isso entre em processo de estabilização, com queda a partir do momento em que a economia se recupere”, estimou. “Há uma certa defasagem nesse processo. Ativos problemáticos podem continuar sendo percebidos até uma renegociação adequada”, explicou.

Estímulo a novos bancos

Questionado sobre a grande concentração no mercado bancário no País e o seu impacto sobre as altas taxas de juros cobradas aos tomadores de crédito, o diretor de Fiscalização do Banco Central considerou que a concorrência é “muito bem vinda” e disse achar que a própria recuperação da atividade econômica do País pode causar uma renovação da vontade de novos bancos estrangeiros atuarem aqui.

“Poderemos ver esse interesse ser renovado na medida que os riscos e incertezas (da economia brasileira) vão se dissipando”, alegou. “O grande estímulo para a entrada de novos concorrentes é um mercado que cresce e se recupera. A queda do risco Brasil e o endereçamento de questões fiscais, com uma política macroeconômica que gere confiança nos agentes é o que vai estimular a chegadas de novos concorrentes.

Meirelles afirmou ainda que o governo tem trabalhado em alternativas para a redução estrutural do custo de crédito no País. Ele destacou que um dos principais fatores para o custo dos empréstimos no Brasil é a inadimplência.

“Estamos trabalhando para reduzir o custo relacionado à inadimplência, que acaba representando um ônus para todo mundo. Isso passa por melhorar o chamado cadastro positivo e o sistema de garantias e recuperação de crédito. A história brasileira mostra resultados muito interessantes quando você aumenta a garantia e a segurança da concessão de crédito”, avaliou o representante do BC.

O diretor disse não saber se o aumento das garantias no crédito teria mais impacto que o aumento da concorrência bancária sobre o custo do empréstimos no País.