Bancos reservam R$ 7 bilhões para se proteger de calotes

Os cinco maiores bancos do País – Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Santander Real e Caixa Econômica Federal – aumentaram em quase R$ 7 bilhões as provisões adicionais para créditos duvidosos – aquelas que superam o montante definido pelas regras do Banco Central (BC) – no último trimestre do ano passado.

Conforme explicou na quarta-feira (25) o presidente executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, o movimento sincronizado se deve à expectativa de alta da inadimplência ao longo deste ano, principalmente no primeiro semestre de 2009. “Achamos que era prudente reforçar o balanço, especialmente por causa do cenário incerto”, disse ontem, durante a apresentação dos resultados do exercício de 2008. “O ajuste da economia brasileira às novas condições da economia mundial levará algum tempo e reduzirá o crescimento, aumentará o desemprego e (por tabela) a inadimplência”, observou Setubal.

O Itaú Unibanco fez, individualmente, a maior provisão adicional entre os maiores bancos: R$ 3,023 bilhões no quarto trimestre de 2008. No período entre outubro e dezembro do ano passado, o BB reservou R$ 1,7 bilhão; a Caixa, R$ 1,3 bilhão; o Bradesco, R$ 597 milhões; e o Santander Real, R$ 156 milhões.

Levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, feito com base em 20 balanços de bancos já divulgados, revela que o saldo de provisões em dezembro de 2008 era de R$ 55,9 bilhões, 48,4% a mais que em dezembro do ano anterior. O saldo é resultado da diferença de provisão entre o período inicial da pesquisa e o final. Em outras palavras, em 2008, os bancos aumentaram suas reservas anticalote em quase R$ 60 bilhões. Embora parte disso se deva ao próprio crescimento de 31% do crédito no País no ano passado, uma parcela expressiva é explicada pela expectativa de aumento da inadimplência.