O mercado financeiro adotou um discurso de otimismo para a economia, mas com cautela por causa das incertezas políticas. Mesmo com as dificuldades em aprovar as reformas no Congresso depois da delação dos irmãos Batista, da JBS, os dirigentes dos maiores bancos de investimento dizem que os negócios devem avançar no Brasil.

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“No ano passado, os investidores institucionais (bancos, fundos de pensão e gestoras de investimento) diminuíram o apetite por negócios. O cenário era de maior incerteza e a taxa de juros mais alta”, diz Marcelo Noronha, vice-presidente do Bradesco. Entre as opções de aplicação de recursos, estão aportes em crédito corporativo (empréstimo a empresas), que têm maior risco, mas uma taxa de retorno mais atrativa.

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O mercado de ações também se tornou alvo de investidores internacionais e locais. “Vimos o investidor de volta ao mercado de capitais. As transações de abertura de capital (IPO) e emissões de ações (follow on) retomaram com força nos últimos meses, após três anos seguidos de movimento fraco. Essas transações se mantiveram firmes mesmo após a crise de maio (com as delações dos irmãos Batista)”, diz Fábio Mourão, responsável pela área de banco de investimento do Credit Suisse. O exemplo bem-sucedido desse tipo de operação foi a abertura de capital do Carrefour, que movimentou quase R$ 5 bilhões.

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Em média, as emissões de debêntures (títulos de dívida) movimentam cerca de R$ 100 bilhões por ano no Brasil. No ano passado, recuou a R$ 70 bilhões. Até julho deste ano, atingiu R$ 55 bilhões. O mercado de renda variável, que encerrou 2016 em R$ 11 bilhões, mais que dobrou este ano até julho, totalizando R$ 23 bilhões.

Essa reação positiva demonstra um voto de confiança do mercado na continuidade da agenda de reformas colocada em curso pelo governo. Para Eduardo Vassimon, presidente do Itaú BBA e também responsável pelas operações de atacado do Itaú Unibanco, o mercado financeiro, de maneira geral, acredita que não haverá uma mudança radical das diretrizes econômicas em 2018, com a troca de governo. “Ainda temos incertezas sobre ambiente fiscal, que é a principal questão hoje. Fatos recentes mostram que não há clima (político) para se elevar impostos, por exemplo.”

Para Ricardo Lacerda, sócio do banco de investimento BR Partners, apesar da retomada dos investimentos no Brasil, em um cenário estável, de inflação controlada e juros baixos, ainda há uma deterioração do cenário político.

“Não está claro se o governo Temer terá condições para conseguir dar prosseguimento às reformas, que são consideradas extremamente impopulares, a um ano das novas eleições.”

As reformas, sobretudo a da Previdência, são prioritárias para os executivos de bancos, independentemente de quem assumir a presidência em 2018.

“Embora não haja ainda clareza sobre os futuros candidatos, não vejo os investidores assustados em relação às eleições”, diz Bruno Amaral, executivo responsável por fusões e aquisições do BTG Pactual. Para Hans Lin, gestor de investimento do Bank of America, o investidor aguarda uma recuperação econômica mais robusta para voltar de vez a colocar dinheiro no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.