São Paulo (AE) – O mercado começa lentamente a revisar para cima as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2005. Por trás dessa decisão, está a expectativa de um cenário externo mais tranquilo neste ano do que o previsto anteriormente, com a prevalência da moderação nos ajustes necessários, apesar dos riscos ainda existentes. No rastro desse aumento de otimismo, instituições fortes, como o Citibank, elevaram de 3,6% para 4% a expectativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano, contra apostas mais conservadoras de 3%.
Há dez semanas, a pesquisa Focus mantém inalterada a expectativa de uma alta do PIB de 3,5% neste ano, embora o Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado na semana passada, tenha revisto a projeção de 3,5% para 4%. Uma semana antes da divulgação do relatório, a Merril Lynch alterou sua estimativa para o crescimento brasileiro, de 3,2% para 3,7%, ficando acima da aposta média do mercado nacional. A equipe de economistas do WestLB, que projetava 3,6% em dezembro, está debruçada nos últimos indicadores norte-americanos e vai elevar a previsão de PIB.
De 14 instituições consultadas pela Agência Estado na primeira quinzena de dezembro, 12 apostam em um crescimento econômico abaixo de 4%. Sete delas prevêem alta de 3,5% do PIB, em sintonia com a Focus. "O Banco Central está sancionando o otimismo, de que temos a consolidação de condições para um ciclo de crescimento", disse o economista-chefe do WestLB, Nicola Tingas, ponderando que ainda é cedo para pensar em um PIB acima de 4% em 2005, mas confirmando que a projeção de 3,5% vai ser revista.
Segundo ele, o principal determinante para essa mudança é um cenário externo mais favorável. "Precisamos ver se a mudança de humor ocorreu de fato ou se não vai além de uma onda de otimismo de começo de ano", acrescentou Tingas.
Uma expansão mais prolongada da economia norte-americana é fator chave para o desempenho dos emergentes, ao manter a liquidez internacional. Neste cenário, o preço das commodities poderá se manter em um nível alto, com a manutenção da demanda, o que é uma boa notícia para o País. Afinal, consenso é de que a alta do PIB em 2005 virá pela absorção doméstica, com menor participação do setor externo.
A LCA Consultores já apostava em um crescimento de 4,1% do PIB desde novembro de 2004. O economista Luís Suzigan disse que a taxa de investimento referente ao terceiro trimestre foi determinante para essa estimativa, além de informações mais recentes de grandes empresas coletadas em conversas ou pela mídia. "O investimento vai fazer a diferença e sustentar o crescimento", afirmou, lembrando que a aprovação das Parcerias Público-Privadas é um fator adicional de otimismo porque reforçará o volume de investimentos.
