O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, defendeu na quarta-feira (7) a antecipação da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 20 e 21, para que os juros básicos (taxa Selic) possam cair mais rapidamente. A proposta foi apresentada durante reunião do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com um grupo de 15 representantes do setor produtivo. O corte imediato dos juros foi um pedido unânime dos empresários. Meirelles não respondeu à provocação e defendeu a política do BC. “Se acertamos no passado, tenho fé que vamos continuar acertando”, disse Meirelles.
“É para ver como está o sentimento global”, comentou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão. “Uma das unanimidades é que se precisa baixar o custo do crédito no País”, acrescentou o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). “Aconteceu um milagre”, reagiu o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Luiz Aubert Neto. “O que me deixou mais satisfeito foi o representante da Febraban pedir para antecipar a reunião do Copom para baixar os juros”, disse Aubert, um dos que mais provocaram Meirelles quando quis saber por que o BC mantém os juros elevados.
O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Mascarenhas, disse que todos reclamaram não só dos juros, mas também dos spreads cobrados pelos bancos. Segundo Mascarenhas, Meirelles disse respeitar as críticas, mas defendeu a política monetária, dizendo que ela, até agora, tem se mostrado bem-sucedida. “Quando nós assumimos a taxa de juros era de 26,5% e hoje é de 13,5% ao ano”, respondeu o presidente do BC. Ele disse aos empresários que a taxa de juros pode afetar a economia de duas formas: no crescimento agregado e na inflação.
Meirelles, segundo relato de Mascarenhas, reconheceu que os spreads estão elevados, mas não se comprometeu com medidas para reduzi-lo. De acordo com vice-presidente da CNI, a tônica do empresariado foi de que, como há queda forte na demanda, o BC poderia reduzir a taxa básica sem que isso represente risco de alta da inflação. A última vez que o Copom se reuniu extraordinariamente foi em outubro de 2002 – mas foi para subir os juros.
O fato é que Meirelles não demonstrou o menor entusiasmo com a proposta de antecipar a reunião do Copom. Essa é uma “hipótese praticamente impossível’, segundo fontes do governo. As regras que estabelecem o poder do Copom, porém, preveem a realização de reuniões extraordinárias. Esses encontros podem ser convocados, a critério do presidente do Banco Central. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.