As instituições financeiras devem reformular e lançar novos fundos de investimentos até o final do ano, com redução de taxas de administração e do valor inicial de aplicação, além de simplificação para facilitar os investimentos. Isso porque, com a queda da taxa básica de juros, a Selic – atualmente em 9,25% ao ano -, a aplicação em poupança, a depender da situação, pode oferecer mais vantagens do que nos fundos, segundo o consultor em finanças e professor da da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) Marcos Crivelaro.
Isso ocorre porque a Selic remunera títulos públicos que compõem fundos de investimentos. Hoje, a caderneta de poupança rende Taxa Referencial mais 0,5% mensal. Em maio, para evitar a migração de recursos dos fundos para a poupança, o que afeta a demanda por títulos do públicos, o governo anunciou que pretende tributar aplicações na caderneta de poupança acima de R$ 50 mil a partir de 2010, mas a proposta ainda precisa de aprovação do Congresso Nacional.
Outro fator que afeta os rendimentos dos fundos, além da cobrança de imposto de renda, são as taxas de administração cobradas pelas instituições financeiras. No caso da poupança, não há cobrança de taxa de administração.
Segundo Crivelaro, antes das reduções da Selic, as taxas de administração variavam de 1% a 6%. “Com esse novo cenário, fundos com taxas de 3% a 4% já estão perdendo clientes.” Atualmente, os bancos cobram, em geral, no máximo entre 1,5% e 2%, afirmou o professor. Ele explicou que os fundos com taxas de administração maiores ficam menos competitivos porque a cobrança pode cobrir o rendimento.
“Essa concorrência entre fundos está na praça”, afirmou Crivelaro. Segundo ele, pode ser uma boa opção esperar pelas mudanças. Ele acrescentou que também é uma boa ideia diversificar as aplicações em fundos de investimentos tradicionais (renda fixa e DI), em multimercados e ações “seguras” de estatais que estão “em boa situação, mesmo numa economia em baixa”.
Ele afirmou, entretanto, que para quem é conservador e tem menos de R$ 20 mil para aplicar, “sem dúvida a melhor opção é a poupança”. “Um dos grandes atrativos da poupança é que é de fácil entendimento. Têm muitos fundos que são complexos, têm datas específicas para aplicação, o cliente são obrigados a deixar o dinheiro amarrado, preso, ou pagam multa para tirar antes do prazo”, explicou. Segundo ele, é preciso cuidado com a aplicação de todos os recursos em fundos que exigem a permanência por um ano, por exemplo. Nesse caso, é bom deixar parte do dinheiro em uma aplicação que seja fácil de retirar caso haja necessidade.
Crivelaro afirmou ainda que o cliente que quiser aplicar em fundos de diferentes bancos, para conseguir na média rendimentos maiores, não precisa necessariamente abrir contas correntes em vários bancos. “Às vezes aquela pequena vantagem que conseguiu é comida por conta de gastos de manutenção de conta corrente.”
As mudanças nos fundos de investimentos oferecidos pelos bancos começaram em janeiro e devem continuar. Segundo o HSBC, desde janeiro deste ano, a instituição vem reduzindo o valor mínimo de aplicação inicial de fundos de investimentos. São 12 fundos referenciados DI, Renda Fixa e Multimercado. Em junho, foi a vez do Bradesco, que anunciou a redução do valor mínimo de aplicação inicial de mais de 30 fundos de investimentos. A medida contemplou fundos DI, Renda Fixa, Ações e de Multimercado. Segundo os bancos, com a redução na aplicação mínima, as taxas tornam-se mais competitivas.
Na próxima terça-feira (7), a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) apresentará balanço dos fundos no primeiro semestre deste ano. Na página da associação, há mais informações sobre os vários tipos de fundos de investimento.