Os países emergentes se transformaram na aposta e, acima de tudo na esperança dos xerifes da economia mundial para evitar que a desaceleração do crescimento da economia dos Estados Unidos afete toda a economia global. Falando em nome dos principais bancos centrais do mundo, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean Claude Trichet, apelou para que os países emergentes incentivem seus mercados domésticos e transformem seus superávits comerciais e fiscais em crescimento interno. Trichet apontou que esses mercados teriam "recursos preciosos" e que seriam fundamentais para reequilibrar a economia mundial.
Trichet deu a declaração hoje ao final da reunião entre os principais BCs do mundo e que contou com a presença do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na Basiléia (Suíça), na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS). Ontem, o encontro foi marcado pelos novos dados da economia americana, indicando que o período de recessão nos Estados Unidos já é uma realidade entre os xerifes das finanças internacionais.
Documento publicado pelo BIS alerta que alguns países emergentes já estão sofrendo com as turbulências, tendência que reverte a noção de que, desta vez, os mercados em desenvolvimento ficariam fora da crise. China e Brasil, por enquanto, estariam conseguindo evitar uma contaminação e poderiam ser a chave para os próximos meses. "O reequilíbrio da situação passa pelos países emergentes para que possamos continuar tendo uma prosperidade global", disse Trichet.
A China, que já ocupa um dos postos de maior exportador do mundo conseguiu nos últimos anos acumular um superávit de mais de US$ 1 trilhão. São esses recursos que Trichet agora espera ver aplicado na economia local para gerar consumo e permitir que outros países tenham suas exportações incentivadas. O mesmo poderia se aplicar ao Brasil, ainda que em uma escala bem menor.