O Banco Social, criado pelo governo do Estado para financiar projetos de micros e pequenos empresários, está melhorando o perfil econômico dos municípios paranaenses. Sapatarias, floriculturas, confeitarias, salões de beleza e oficinas mecânicas estão expandindo suas atividades. Esse processo já gerou 18 mil novos empregos. Contando com os empresários e suas famílias, são mais de 40 mil pessoas beneficiadas.
O programa conta com o apoio das secretarias da Fazenda e Emprego e Relações do Trabalho, Sebrae e prefeituras municipais. Implantado há um ano e meio, o Banco Social já liberou 5,8 mil operações de crédito, totalizando R$ 18,4 milhões. Somente no mês de setembro foram feitas 740 operações. “Muitas empresas já estão se estruturando para o movimento de Natal”, comenta o presidente do banco, Francisco Calmon de Brito Filho.
Com exigências simples de cadastro, o Banco Social libera o microcrédito em nove dias. O processo de tramitação totalmente informatizado e uma estrutura enxuta permitem à instituição ter os juros mais baixos do País, de 1,5% ao mês, o que significa 18% ao ano para o empreendedor. Os empréstimos variam de R$ 300,00 a R$ 5 mil, com prazo de pagamento de 18 meses e três meses de carência.
“Foi uma surpresa para mim. Não pediram avalista, nem documentação difícil de conseguir, apenas o orçamento da máquina que eu queria comprar. Em poucos dias já estava com o dinheiro na mão”, lembra Sandro Alves Arantes, proprietário da empresa Velas Pai Jacó, de São José dos Pinhais. Arantes recebeu um empréstimo de R$ 3.000,00 do Banco Social. O dinheiro transformou uma empresa caseira em uma pequena fábrica de velas.
Com isso, o faturamento aumentou de cerca de R$ 1 mil mensais para mais de R$ 4 mil. “A empresa já está sustentando quatro pessoas”, ressalta Arantes, que contratou dois empregados e um vendedor autônomo para sua fábrica.
Rede
– O Banco Social já cobre todo o Paraná. Dos 340 contratos para operação do banco, 228 já estão funcionando. O presidente do banco, Francisco Calmon, explica que os municípios menores estão se unindo, em grupos de três ou quatro, em um único contrato, para se cadastrar e poder oferecer crédito à população.A expectativa é que até o final do ano todas as agências estejam funcionando, atendendo todo o Estado. Serão 60 mil operações de crédito ao ano, o que irá beneficiar cerca de 300 mil pessoas.
Os agentes de crédito, geralmente pessoas residentes na região, são os responsáveis pelo cadastramento, liberação e fiscalização. O Banco Social também exige a formação de Comitês Municipais de Crédito, responsáveis pela análise de viabilidade dos projetos que vão receber os financiamentos.
Brito Filho explica que a inadimplência é muito baixa e que até agora nenhuma empresa fechou. “Os agentes de crédito do Banco Social ficam bastante atentos porque sabem que a inadimplência pode suspender o programa naquele município”, diz.
A prestação de serviços é a área de maior demanda, com 17,6% de todos os pedidos de liberação de recursos. Em segundo lugar está o comércio, com 15,22%, seguido de comércio alimentício (7,44%), lojas de armarinho (6%) e costureiras e bordadeiras (5,3%).
Na maioria dos casos, o dinheiro é utilizado para ampliar a estrutura das empresas, com a compra de equipamentos e material de consumo, impulsionando a produção e as vendas. Pouco mais de 20% dos financiamentos são utilizados para capital de giro.
O tomador do empréstimo recebe treinamento e orientação especializada, o que amplia as chances de sucesso dos empreendimentos e evita a inadimplência. O capital do Banco Social é de R$ 100 milhões, dinheiro que, com o giro dos financiamentos, acaba atendendo um número ilimitado de micros e pequenas empresas.
Recursos para área cultural
A segunda etapa do projeto é o Banco Social Cultural, que atenderá pequenas editoras, gravação de CDs de bandas, universitários que querem iniciar seus próprios negócios e design de protótipos. A diferença está no prazo, que será de 24 meses, com carência de 6 meses e taxa de juro de 12% ao ano.
O Banco Social Universidade é semelhante a outras linhas de financiamento criadas pela Agência de Fomento do Paraná. A estimativa é que existam atualmente cerca de 44 mil formandos em todas as instituições de ensino superior no Paraná.
Participam do projeto a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através das universidades estaduais, a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, mantenedora das Agências do Trabalhador, onde funcionam as agências do Banco Social, a Secretaria da Fazenda, que mantém a Agência de Fomento, e o Sebrae-PR, que capacitará os envolvidos no programa.
O Banco Social oferece também uma linha de crédito para projetos na área de turismo, com financiamentos de R$ 300 a R$ 10 mil, prazo de 24 meses para pagamento e três meses de carência.