Banco Santos coloca em dúvida intervenção do BC

São Paulo – O advogado do Banco Santos, Sérgio Bermudes, afirmou ontem que os controladores da instituição financeira querem conhecer os reais motivos da intervenção. Para Bermudes, ainda não está claro se a decisão do Banco Central foi conveniente.

Ele não descarta a possibilidade de algum equívoco por parte do Banco Central. "A gente está tentando entender os reais motivos da intervenção. Isto é, conhecer os motivos de fato que levaram o Banco Central (BC) a decretar a intervenção", afirmou Bermudes. Ele ainda destacou de modo enfático que a intervenção não significa liquidação. "A intervenção é uma medida que pode resultar inclusive na normalização das atividades da instituição. A administração do Banco Santos vai tentar trabalhar junto com o interventor para verificar se há meios de se encontrar um caminho que leve à normalização das atividades."

A intervenção no Banco Santos e dem sua corretora de valores foi decretada na sexta-feira à noite pelo BC devido a problemas de liquidez na instituição. Entre os sinais de deficiência, o BC apontou a falta de recolhimento dos compulsórios desde o início do mês, além da suspeita de maquiagem de balanço. O diretor de fiscalização do BC, Paulo Sérgio Cavalheiro, afirmou sábado que o Banco Santos precisa de R$ 700 milhões para voltar a operar.

Cavalheiro afirmou ainda que a partir de hoje havia o risco de o banco não honrar os seus compromissos. O Banco Santos tem um patrimônio avaliado em R$ 600 milhões e uma dívida de R$ 700 milhões, o que dá um saldo negativo de R$ 100 milhões, deixando claro o problema de liquidez. O total de recursos de terceiros e depósitos a prazo administrados pela instituição chega a R$ 1,8 bilhão. O Banco Santos começou a operar como corretora em 1969. Em 1994, começou a funcionar como banco comercial, prestando serviços para empresas de médio porte.

Conta bloqueada

O presidente nacional do PT, José Genoino, confirmou ontem que o partido pode ter ficado com recursos bloqueados no Banco Santos. Genoino disse não saber precisar qual o valor que o partido tem depositado na conta, mas estimou que, no máximo, são R$ 500 mil. "Eu não tenho controle dessa conta no Banco Santos. Só assino cheques do Banco do Brasil, onde fica a conta do partido. Se tiver dinheiro do PT lá (no Banco Santos) é pouca coisa. No máximo uns R$ 500 mil dos shows realizados para arrecadar fundos para a sede", limitou-se a informar Genoino.

Ele confirmou que a conta do partido no Banco Santos foi aberta para captar recursos para a compra da sede do PT. Segundo Genoino, a única pessoa que pode saber o valor exato é o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, mas disse não ter conversado com ele até ontem.

"Boom de crédito"

O jornal Financial Times afirmou em sua edição on-line de ontem que a intervenção no Banco Santos enviou um alerta para outros bancos sobre a exposição de um recente "boom no crédito". O diário londrino observa que o BC ao justificar a sua decisão, citou sua preocupação com a saúde financeira, principalmente problemas de liquidez, da instituição. O jornal ainda observou que se trata da primeira intervenção desse tipo num banco brasileiro desde 1998. O Financial Times também destacou que as autoridades financeiras insistiram em que não há riscos para o sistema financeiro nacional, como um todo. "Nós não estamos falando sobre grandes quantias", disse o diretor do BC, Paulo Sérgio Cavalheiro.

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