O Banco Safra reduziu as projeções para o crescimento econômico e para a inflação oficial deste ano. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 2,7% para 2,3%. Por conta disso, explica o banco em relatório divulgado na última sexta-feira (15), a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi revisada de 3,9% para 3,8%.
Em relação à atividade, também houve alteração na expectativa de PIB do quarto trimestre, de alta de 0,2% para zero, após 0,8% no período de julho a setembro do ano passado. O banco ainda modificou a estimativa para o dado de 2018, de 1,3% para 1,2%. Caso a projeção para o PIB do ano passado seja confirmada, ficará pouco acima da marca de 1,1% registrada em 2017.
“O desempenho da atividade econômica nos últimos meses vem desapontando, o que reduziu nossa confiança em uma recuperação mais acelerada em 2019. Trabalhamos agora com uma retomada mais moderada no primeiro semestre, com a expectativa de aceleração na segunda metade de 2019, condicionada à evolução positiva da agenda de reformas do novo governo”, escreveu.
Os economistas do Safra comentaram que o resultado do comércio varejista em dezembro foi significativamente mais fraco do que o esperado, representando uma devolução dos avanços verificados em novembro em função das promoções da Black Friday. O varejo restrito recuou 2,2% em dezembro ante novembro, enquanto o varejo ampliado cedeu 1,70%. As estimativas mais baixas da pesquisa do Projeções Broadcast para os dois conceitos pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) eram de queda de 1,70%.
O banco ainda afirma que se a projeção para o PIB de 2018, de 1,2%, for confirmada, deixaria uma herança estatística de 0,4% para o dado de 2019. “Partindo desse impulso mais fraco e observando que, pelo menos por ora, os poucos indicadores disponíveis a respeito da atividade no primeiro trimestre de 2019 não são animadores, reduzimos as projeções para o PIB do ano, de 2,7% para 2,3%”, ressaltou.
O Safra estima crescimento de 0,4% no PIB do primeiro trimestre contra os últimos três meses de 2018, com ajuste sazonal, seguido de uma alta de 0,5% no segundo trimestre na mesma base de comparação. “Já para a segunda metade do ano, mantemos um grau de otimismo condicionado à expectativa de sucesso na aprovação da agenda de reformas, sobretudo da Previdência. Esperamos uma taxa de crescimento média trimestral de 0,9%, o que, em termos anualizados, representaria um crescimento de mais de 3,7%.”
Sob a ótica da demanda, o banco reduziu a projeção de consumo das famílias de 2,3% para 2,0, e de investimento, de 6,0% para 5,0%.
Selic
Além de reduzir a projeção para o IPCA do ano, de 3,9% para 3,8%, por conta da revisão no cenário de PIB, o banco afirma ainda não descartar a postergação do início do ciclo de aperto monetário diante da “recuperação mais lenta da atividade econômica”, da “inflação bem comportada” e da expectativa de aprovação de uma reforma da Previdência robusta. “Não descartamos a possibilidade de o ciclo de aperto monetário ser postergado ainda mais, talvez para o segundo semestre de 2020.” O cenário atual do banco é de início da alta de juros no começo do ano que vem.
Quanto a um possível corte de juros, os economistas avaliam que só haveria espaço em um cenário em que a economia não consiga se recuperar em ritmo razoável, mesmo após a aprovação da reforma da Previdência.