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Geraldo Magela: reduzindo custos. |
O Banco Popular do Brasil (BPB), subsidiário do Banco do Brasil para a área de microfinanças, teve prejuízo de R$ 21,977 milhões no primeiro semestre de 2005, conforme os dados constantes do balanço publicado ontem. A instituição está refazendo seu plano de negócios e projeta que seus balanços – que estão no vermelho desde a fundação, em 2003 – deverão registrar lucros só em 2008, e não mais em 2006, como antes previsto.
O presidente do BPB, Geraldo Magela, explica que, na fase de consolidação, o plano de negócios do banco já previa prejuízos. Ele diz que no primeiro semestre de 2005, em particular, o resultado foi menos negativo do que o orçado – o plano inicial de negócios contemplava uma perda de R$ 61,4 milhões, que foi reduzida a cerca de um terço.
?Cortamos custos e reorientamos a atuação do banco, para reduzir os prejuízos? , disse Magela. Um dos principais cortes foi nas ações de publicidade e marketing, que, no início deste ano, foram duramente criticadas por parlamentares de oposição. Em vez dos R$ 16 milhões inicialmente orçados, o gasto ficou em R$ 3 milhões. ?Verificamos que pequenas ações de divulgação em volta dos nossos pontos de atendimento dão mais resultados do que campanhas nacionais de publicidade?, disse Magela.
O banco teve contratos de publicidade com a DNA, empresa do publicitário Marcos Valério de Souza, acusado de ser o operador do ?mensalão?. Em 2004, as despesas com publicidade do Banco Popular somaram R$ 24 milhões, mais que os R$ 21 milhões emprestados ao público de baixa renda do banco.
Os prejuízos na fase inicial de implantação do BPB eram esperados porque o novo banco, que começou a operar comercialmente em meados de 2004, fez pesados investimentos em informática, na consolidação da marca e na instalação de sua rede de atendimento. Em junho, o banco, que trabalha exclusivamente com correspondentes bancários, tinha 5.484 pontos.
Nestes primeiros semestres de atuação, o banco também irá conviver com uma receita menor, até que que a carteira de crédito atinja sua maturação e que se eleve a venda de produtos financeiros recém-lançados, como seguros e novas linhas.
Até que a carteira de crédito atinja a maturação, o BPB está convivendo com um índice de inadimplência bem superior à média do sistema bancário. A carteira de crédito em junho era de R$ 54,128 milhões, e os valores provisionados para devedores duvidosos somavam R$ 13,095 milhões. Ou seja: as provisões equivalem a 24,19% da carteira. No sistema financeiro como um todo, essa relação era de 5,6% em julho, de acordo com dados do Banco Central (BC). O reforço das provisões no semestre foi de R$ 12,401 milhões.
Para reduzir os índices de inadimplência, o Banco Popular mudou sua metodologia para concessão de crédito. No início de suas operações, em 2004, o banco concedia um limite automático de R$ 600 para todos os clientes. A partir de fins de 2004, passou a elevar paulatinamente os limites. O novo cliente tem, inicialmente, um limite de R$ 50. Caso se mostre bom pagador, o limite sobe para R$ 100, e assim sucessivamente.
O BPB também está sendo menos agressivo na atração de novos clientes, o que atenua a seleção adversa – ou seja, a atração de maus pagadores. No primeiro semestre, foram abertas R$ 497,6 mil contas, o que elevou a base de correntistas a 1,584 milhão.