O Banco Mundial propôs a criação de um fundo de US$ 50 bilhões para ajudar a financiar o fluxo de comércio global, que deve registrar sua maior queda desde a Grande Depressão. O presidente do Banco Mundial, Roberto Zoellick, pediu que os representantes do Grupo dos 20 (G-20) que se reunirão esta semana em Londres endossem o programa de liquidez ao comércio e se unam em torno de uma solução global para a crise, no momento em que o banco estima que a economia global vai se contrair este ano pela primeira vez no pós-guerra.

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Segundo as estimativas do Banco Mundial, o comércio de bens e serviços deve cair 6,1% em 2009, em vez de declinar 2,1% como estimava anteriormente. Só o comércio de produtos deverá cair quase 10%, disse Hans Timmer, diretor de tendências globais do Banco Mundial, acrescentando que a previsão está em linha com a projeção feita na semana passada pela Organização Mundial do Comércio de queda de 9% ou mais.

O programa de liquidez para o comércio do Banco Mundial combinaria US$ 1 bilhão do banco com financiamento de governos e bancos regionais de desenvolvimento para alavancar capital privado por meio de acordos de partilha de risco, disse Zoellick. O apoio do G-20 ao plano geraria impulso para atingir a meta do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, de conseguir US$ 100 bilhões em financiamento de comércio, disse Zoellick.

“Hoje não devemos fugir de unificar ideias e ações”, afirmou Zoellick em texto preparado para um discurso em Londres antes do encontro do G-20. “Num momento de perda de confiança, precisamos de ações que restaurem a confiança pública de que os governos estão aptos para enfrentar os desafios”, disse. “Há um risco maior em fazer muito pouco do que em não fazer nada.”

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Na primeira revisão de suas estimativas desde dezembro, o Banco Mundial pintou um quadro muito mais sombrio da crise global. A economia global deve se contrair 1,7% este ano, em vez de crescer 0,9%, como havia estimado anteriormente. A previsão para países de renda elevada foi cortada para -2,9%, de -0,1%, enquanto a estimativa para os países em desenvolvimento foi cortada a menos da metade para 2,1%, do crescimento anterior projetado em 4,5%.

O banco está prevendo uma recuperação para crescimento de 2,3% na economia do mundo no próximo ano, ao mesmo tempo em que admite “extrema incerteza” sobre a perspectiva, dado o risco de que novos problemas financeiros prolonguem a recessão.

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A revisão para baixo das perspectivas econômicas anunciada pelo Banco Mundial se segue a movimentos semelhantes adotados no início do mês pelo FMI, que cortou sua previsão para contração de 0,1% a 0,5% na produção do mundo este ano, levando a uma recuperação no próximo ano, com crescimento de 1,5% a 2,5%.

As duas instituições têm formas diferentes de calcular as previsões de crescimento. O Grupo de Perspectiva do Banco Mundial baseia suas estimativas na taxa de câmbio do dólar, enquanto o FMI usa as estatísticas da paridade do poder de compra compiladas pelo grupo de dados do Banco Mundial, que leva em conta os custos de bens e serviços em diferentes países. As informações são da Dow Jones.