A rentabilidade acima da média da indústria de venture capital é a principal atração para os estímulos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oferece ao setor. Na terça-feira, 15, a instituição anunciou pacote de R$ 3 bilhões para acelerar a entrada e operação de empresas de pequeno e médio porte no mercado, além de estimular a formação de fundos de investimentos.
“É uma ajuda para o mercado ter estabilidade e perenidade nesse segmento que a gente entende como uma indústria importantíssima, com rentabilidade significativa, acima da media do mercado”, avalia o superintendente de Capital Empreendedor, Luiz Antonio Souto.
O banco pretende investir R$ 2 bilhões somente para incentivar o surgimento de fundos nos próximos dois anos. A intenção é alavancar, a partir dos estímulos, mais de R$ 10 bilhões em até 90 empresas que buscam a melhoria de gestão. Serão quatro chamadas públicas por semestre, totalizando 12 fundos. A previsão é lançar a primeira chamada nas próximas semanas.
Segundo ele, o foco do BNDES será, primeiramente, para um “conjunto de fundos já em processo de capacitação, na área de projetos de greenfield (construídos do zero)”. Entre os critérios de avaliação das propostas, estão a política de investimento do fundo, o histórico de atuação do gestor e a qualificação da equipe de gestão. As prioridades serão as áreas de infraestrutura, mobilidade urbana, economia criativa e inovação, que continuará tendo outras linhas específicas de fomento.
Já o programa de Mercado de Acesso terá investimentos de até R$ 1 bilhão em ofertas públicas de empresas brasileiras no mercado de acesso. A proposta é fazer do BNDES a “âncora” do mercado, com papel de avaliar e precificar as operações das pequenas empresas no segmento Bovespa Mais, como é chamado o mercado de acesso. O banco entrará com 20% para garantir a operação.
“Isso tem efeito de mostrar ao mercado que mais alguém já avaliou e certificou que o preço está compatível com o que o banco espera. Numa ponta somos garantidor e, na outra, estimulamos o surgimento de fundos que venham atuar no Bovespa Mais”, disse o superintendente. “Interesse pelo produto existe e vai acontecer, o tempo é que vai ser em função do mercado. Assim que o mercado reagir, vamos ter operações.”
O banco também visa estimular a criação de um “fundo dos fundos”, via chamada pública, para agregar “um conjunto de atores que atua marginalmente no mercado, mas que tem potencial para uma atuação mais decisiva no mercado”, afirmou Souto. Chamado de Fundo de Investimento para o Mercado de Acesso, ele poderá ter 30% de participação do BNDES.
Poderão ser apoiadas empresas que assumam o compromisso de serem listadas e negociadas no Mercado de Acesso. A ideia é arrecadar R$ 250 milhões de patrimônio e atuar tanto no pré-IPO como após a abertura de capital da empresa, auxiliando na liquidez dos papéis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.