Banco do Brasil prevê que dívida rural não será prorrogada

Brasília (AE) – O Banco do Brasil (BB) prevê uma recuperação do setor agrícola em 2007 e alerta que, por isso, não irá prorrogar novamente as parcelas do crédito rural dos produtores. O diretor de Agronegócios, Derci Alcântara, disse que um estudo da instituição mostra que, em quase todo o País, os produtores terão condições de honrar suas dívidas. Uma exceção pode ser aberta para os agricultores do norte do Mato Grosso, onde os preços dos produtos agrícolas estão sendo fortemente reprimidos pelo custo de logística, provocando queda na margem do produtor.

?Não deve haver nova prorrogação das parcelas dos empréstimos. Os estudos mostram que a safra será recorde e os preços em 2007 serão favoráveis ao produtor?, afirmou Alcântara. Ele assumirá interinamente, no dia 2 de janeiro, a vice-presidência de Agronegócio do Banco do Brasil, na vaga deixada por Ricardo Conceição. Alcântara ponderou que, em 2007, só vencerá a primeira parcela da prorrogação dos empréstimos de custeio, que é pequena.

Na semana passada, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) afirmou que o setor deve enfrentar uma crise de liquidez em março ou abril do próximo ano e reivindicou a prorrogação dos débitos que vencem em 2007 por mais cinco anos.

Alcântara disse que os estudos do BB apontam para um crescimento da margem de lucro dos produtores entre 50% e 70% em 2007, considerando a redução dos custos de produção, principalmente da soja, e os preços favoráveis. ?O cenário de dificuldades ficou para trás. Em 2007, deveremos ter um aumento da área plantada e da produção?, afirmou.

O BB regularizou este ano a situação de 330 mil produtores com a renegociação das dívidas de custeio e investimento da safra 2004/05, tendo repactuado o pagamento de R$ 6 bilhões. A instituição tem a maior carteira de crédito do agronegócio, totalizando R$ 45,9 bilhões no final de novembro.

Para simplificar e reduzir os custos dos produtores, o governo estuda a possibilidade de elaborar planos de safra para quatro anos. Alcântara disse que, já a partir do início da próxima safra, em julho de 2007, o BB deve lançar um crédito rotativo para financiar parte dos gastos de custeio. O crédito rotativo funcionaria como uma espécie de capital de giro na conta do produtor, a juros de crédito rural. A idéia é evitar a burocracia de encerrar todos os contratos a cada ano para, no ano seguinte, reabri-los novamente.

Outra proposta em discussão é tornar o seguro rural compulsório na contratação do crédito rural. ?Quando quebra a safra, o produtor quebra junto. O seguro rural garantiria o pagamento do empréstimo?, explicou Alcantara. O seguro rural é subsidiado em 50% pelo Tesouro Nacional. O Ministério da Agricultura está pleiteando a elevação dos recursos para subsídio dos atuais R$ 62 milhões para R$ 100 milhões no orçamento de 2007.

O Banco do Brasil também deve lançar opções de compra no mercado futuro a partir da próxima safra. Juntamente com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o BB quer estimular o produtor a contratar a proteção contra a flutuação de preços (hedge). Ao comprar a opção, caso os preços no mercado caiam, o produtor pode optar por vender a safra ao banco. A instituição quer ampliar os atuais 20 mil contratos de opção para 100 mil até o final de 2007.

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