O Banco do Brasil destinará R$ 39,5 bilhões para operações de crédito rural na safra 2009/2010, volume 30% superior ao da safra anterior. Desse total, R$ 9,4 bilhões vão financiar a agricultura familiar e R$ 30,1 bilhões atenderão aos demais produtores e cooperativas. Do total emprestado na safra 2008/2009, foram destinados R$ 7,5 bilhões para agricultura familiar e R$ 23 bilhões para os demais produtores, somando R$ 30,5 bilhões. Esses recursos corresponderam a um aumento de 30% sobre o ciclo anterior.

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O diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, José Carlos Vaz, afirmou hoje que um dos grandes diferenciais do Plano Safra 2009/2010 em relação aos anos anteriores é a disponibilidade dos recursos já no primeiro dia do início do ano safra, que foi ontem. Esta é, inclusive, uma das principais reivindicações do setor, que sempre reclama da demora entre o anúncio do programa e a obtenção dos recursos nos bancos.

“Os recursos já estão alocados nas agências”, afirmou Vaz. De acordo com ele, dos R$ 39,5 bilhões que o BB vai destinar para operações de crédito rural na atual safra, R$ 2 bilhões já foram separados para entrar em circulação neste mês. “Se as agências gastarem mais que isso, vamos colocar mais recursos”, disse. Para ele, também foi um progresso este ano o fato de as normas e resoluções já estarem prontas na sexta-feira da semana passada. “Assim já podemos implantá-las hoje.”

O fato de o BB ampliar em praticamente 30% sua fatia de recursos no Plano Safra atual em relação ao anterior reflete a perspectiva positiva da instituição para o agronegócio nos próximos meses, segundo Vaz. “A safra deve ser boa e os produtores devem ter margem mais favorável, o que nos leva a acreditar que poderemos colocar mais recursos”, disse ele, acrescentando que a expectativa é a de que, com os resultados positivos dos últimos anos, os produtores possam honrar seus pagamentos de forma mais fácil.

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Inadimplência

A inadimplência do setor agrícola no BB tem ficado na casa de 1,5% do volume total de financiamentos nas duas últimas safras. O porcentual foi apresentado hoje pelo diretor de agronegócios da instituição. Outro exemplo positivo apresentado pelo diretor foi o de que houve redução da carteira prorrogada de 2008 para este ano, com o saldo total passando de aproximadamente R$ 15 bilhões para cerca de R$ 12,5 bilhões. “O pessoal já está pagando”, concluiu.

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Estes números apresentados por Vaz serviram para que ele embasasse sua avaliação positiva a respeito da recomendação feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), anteontem, de que as instituições analisassem o crédito do produtor rural de forma diferenciada. A instrução é a de que o risco do tomador seja diferenciado quando as operações forem distintas – uma no setor rural e outra em qualquer outra área. No caso de as operações serem todas agrícolas, a instituição deve levar em consideração a que possui o maior risco de inadimplência.

Contrato de opção

O Banco do Brasil oferecerá na safra 2009/2010 uma proteção de preço referenciada em bolsa para as culturas de soja e de milho. A possibilidade de o agricultor travar o preço desses produtos por meio da negociação na BM&FBovespa foi divulgada pelo diretor de agronegócios da instituição. “Esta é a grande novidade dessa safra”, afirmou Vaz. Segundo ele, milho e soja foram os produtos escolhidos porque representam aproximadamente 85% da safra total de grãos. “São produtos com mais liquidez nas bolsas de futuros”, avaliou.

Quando o agricultor pedir financiamento para custeio da safra no Banco do Brasil, ele poderá contratar a opção de venda financeira, que, segundo o diretor, possibilitará ao produtor um valor complementar ao de mercado. O que o tomador poderá obter é a diferença entre o preço futuro que ele quer proteger e o preço praticado no momento do vencimento do contrato. Segundo Vaz, o banco reservou para essa operação de hedge aproximadamente R$ 1,5 bilhão. “Mas esse valor não é o teto; é uma estimativa. Se aparecer interesse maior pela operação, vamos disponibilizar mais recursos”, informou.

O custo para o produtor que quiser utilizar o instrumento vai variar de 2% a 3,5% do valor garantido. De acordo com o diretor do banco, o produtor poderá optar pela operação diretamente com a instituição e não pela Bolsa porque, dessa forma, o custo para ele será menor. “No BB sai um pouco mais barato do que na BM&F, porque ele participará de uma operação conjunta”, explicou Vaz.