O Banco Central está processando o banco Opportunity, de Daniel Dantas, por suspeita de lavagem de dinheiro. E os indícios da prática criminosa foram levantados pelo próprio BC, em uma fiscalização feita em 2007 pelo Departamento de Combate a Ilícitos Financeiros e Supervisão de Câmbio e Capitais Internacionais (Decic). O relatório do Decic concluiu que o Banco Opportunity "expõe seus produtos e serviços à lavagem de dinheiro" porque "não tem controle" das operações de seus correntistas.

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Segundo apuração, o Processo Administrativo (PA) contra o Opportunity ainda está em curso. A fiscalização do BC, que terminou com uma Avaliação de Controles Internos e Compliance, mostra que o Opportunity abria contas sem documentação mínima. Havia cadastros sem comprovantes de residência, identidade (RG) e do contribuinte (CPF). Nenhum dos registros de pessoa jurídica continha informações sobre faturamento, e cerca da metade dos registros de pessoa física não descrevia informações sobre renda. O termo "compliance" quer dizer "agir de acordo com a regra".

A avaliação do BC faz parte dos documentos anexados ao relatório da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, e mostra que uma das contas com irregularidades é a de Maria Alice Dantas, mulher de Daniel Dantas. O nome dela era usado, segundo a Polícia Federal, como "laranja" da suposta quadrilha liderada pelo banqueiro. Na ficha cadastral da mulher de Dantas, segundo o BC, consta uma renda não comprovada de R$ 1.468,44 no cargo de analista de sistemas sênior da Opportunity Gestora de Recursos Ltda – uma empresa do grupo. Seu patrimônio, tampouco comprovado, seria de R$ 60 mil.

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