O Banco Central deve manter a taxa Selic inalterada em 8,75% na reunião do Copom de dezembro, mas a evolução recente das principais variáveis macroeconômicas e o cenário prospectivo para o próximo ano apontam para a necessidade de uma elevação dos juros ao longo de 2010. A avaliação é da economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli.
“Estimamos que o ciclo de aperto monetário tenha início em julho, totalizando uma alta de 2,5 pontos porcentuais até o final do ano”, afirma a economista em nota que o Departamento Econômico do banco enviou a seus clientes neste fim de semana.
Segundo Maristella, no campo da atividade econômica, os indicadores recentes têm sinalizado um ritmo de recuperação bastante forte no quarto trimestre deste ano, alimentando as expectativas de vendas pujantes neste Natal. “O consumidor segue muito confiante, com um otimismo crescente com relação às condições de emprego e renda nos próximos meses, o que, conjugado ao aumento da oferta de crédito, deve seguir impulsionando o consumo doméstico. Neste contexto, estimamos que a economia brasileira encerre este ano com variação levemente positiva, acelerando para um crescimento entre 4,5% e 5% em 2010”, analisa a economista.
“No campo inflacionário, estimamos que a inflação permaneça abaixo da meta em 2010, ainda que com menor folga do que o estimado inicialmente. A herança positiva dos IGPs negativos deste ano, aliada à existência de alguma capacidade ociosa na economia doméstica (ao menos no primeiro semestre de 2010) e ao espaço a ser ocupado pelas importações, resulta em uma projeção de IPCA de 4,4% no próximo ano. Para 2011, no entanto, a herança muda de lado e, exceto por medidas restritivas, o risco de não cumprimento da meta de inflação se eleva significativamente”, prevê a chefe do Departamento Econômico do Banco Fibra.
Ainda de acordo com Maristella, as contínuas desonerações fiscais, desnecessárias no atual momento da recuperação econômica, apontam para a manutenção de uma política fiscal excessivamente expansionista no próximo ano, deixando unicamente para a política monetária a missão de zelar pelo cumprimento das metas de inflação. “Sendo assim, mantemos nossa estimativa de alta de juros a partir de julho, totalizando 2,5 pontos porcentuais até o final do ano, mas reconhecemos que os riscos são assimétricos na direção de um início mais rápido do ciclo de aperto monetário”, conclui a economista.