O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou nesta segunda-feira (6) em entrevista coletiva à imprensa, que o governo vai oferecer uma linha adicional, em dólar, no exterior com o uso das reservas internacionais. O objetivo é oferecer crédito para o comércio exterior. Segundo explicou Meirelles, o BC vai comprar títulos que serão vendidos pelos bancos no exterior, com um contrato de recompra. O presidente do BC disse que só serão títulos de primeira qualidade, entre eles, títulos da República Federativa do Brasil.

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Os títulos que serão recebidos nas operações serão definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e depois, com contrato de recompra, serão devolvidos aos bancos. O presidente do BC destacou que é um uso inteligente das reservas internacionais, mas não informou qual o montante que deve ser usado nessas operações.

“Vamos fazendo na medida do necessário”, disse. Não haverá anúncio específico, segundo Meirelles, do volume a ser utilizado. Ele esclareceu, porém, que as operações serão feitas por meio de leilão e, posteriormente, os detalhes serão divulgados pelos canais formais do Banco Central.

Solvência

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou, na mesma entrevista coletiva, que, embora a crise financeira seja global, ela atinge mais os países fragilizados e menos os países mais sólidos, que não têm problema de solvência, como o Brasil. Mantega disse que nos Estados Unidos e na Europa o problema é maior porque há ativos podres. No Brasil, segundo ele, os problemas são de liquidez, e não de solvência. De acordo com Mantega, o governo quer garantir liquidez para o mercado, para o comércio exterior e para outros setores e, por isso, além das medidas que o Banco Central já vem adotando, o governo vai usar recursos das reservas internacionais para financiar o comércio exterior.

“Estamos monitorando (a crise) para neutralizar impactos no mercado brasileiro, mas temos limites, o que não dá para evitar, por exemplo, que a bolsa caia como hoje. Há perdas, mas as instituições estão sólidas, as empresas estão sólidas, o Banco Central está sólido e as contas do governo estão sólidas. Então, estamos administrando de forma satisfatória”, afirmou.

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BNDES

Mantega afirmou ainda que o governo vai reforçar em R$ 5 bilhões as linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de financiamento de pré-embarque de mercadorias de comércio exterior. Segundo o ministro, entre hoje e amanhã, a diretoria do BNDES vai aprovar o reforço na linha de pré-embarque. Esse dinheiro virá de recursos que foram transferidos do Tesouro Nacional, a título de capitalização, para o BNDES, no valor de R$ 15 bilhões.