Banco Central ainda teme a inflação

A recuperação da economia paranaense deve se consolidar nos próximos meses, mas é preciso tomar cuidado com a aceleração da inflação. Esta é a conclusão do Boletim Regional do Banco Central (BC) sobre o trimestre setembro, outubro e novembro do ano passado, divulgado ontem em Curitiba.

O relatório indicou que o Estado sofreu com a crise econômica mundial, mas muitos índices foram menos impactantes do que se imaginava. O Paraná passou por turbulências no ano passado porque está muito atrelado ao comércio internacional e possui uma atividade sensível ao crédito. Entretanto, os índices econômicos começam a atingir os níveis pré-crise.

A recuperação verificada pelo BC nos últimos meses de 2009 foi muito mais rápida do que a identificada após outras crises, especialmente as regionais, como a quebra da safra no Sul do País no período entre 2005 e 2006.

“Como o impacto foi mais concentrado no setor industrial, a recuperação vem mais rapidamente com a retomada do setor”, explica Mário Mesquita, diretor de Política Econômica do Banco Central. Ele destacou que o setor de serviços teve um impacto menor em relação ao segmento industrial, em todo o Brasil.

O Índice de Atividade Econômica Regional – IBCR, usado para avaliar o desempenho econômico (assim como o Produto Interno Bruto), pode ser levemente negativo no Paraná quando for fechado o balanço de 2009.

O PIB do Paraná também deve apresentar uma pequena contração. Mas o Estado vem mostrando recuperação, que “ocorre em ambiente de aumento da massa salarial, de intensificação das operações de crédito e da retomada da atividade industrial, delineando perspectivas favoráveis em relação à sua consolidação nos próximos meses”, descreve o boletim.

Um dos setores que devem dar sustentabilidade ao Paraná em 2010 é o agrícola, com a volta da liderança na produção de grãos e a projeção de uma safra recorde. O documento mostra que, no trimestre encerrado em novembro de 2009, o IBCR do Paraná apresentou elevação de 2,7% em relação ao finalizado em agosto.

As vendas do comércio varejista aumentaram 1,8% no trimestre analisado em comparação ao trimestre anterior. A expansão mais significativa foi no setor de equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação, com 10%. As vendas acumuladas em doze meses tiveram aumento de 4,8% em novembro do ano passado.

Na produção industrial, foi registrada elevação de 6% no trimestre terminado em novembro, contra o trimestre anterior. Mas ainda há pouco a ser comemorado: no acumulado dos últimos doze meses, o recuo foi de 4,4%.

Um dos destaques foi a ampliação do parque gráfico no Paraná, o que ajudou muito em uma retração mais modesta. O saldo das operações de crédito superiores a R$ 5 mil chegaram a R$ 83,2 bilhões em novembro de 2009, representando um aumento de 5,2% na comparação com agosto.

O superávit da balança comercial paranaense atingiu US$ 1,6 bilhão em 2009. No ano anterior, o valor era de US$ 700 milhões. A inflação na Região Metropolitana de Curitiba, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 4,67% em 2009. A taxa de desemprego na Grande Curitiba ficou em 4,5% em novembro do ano passado, ante 5,7% em agosto.

“O crescimento da renda real na Região Metropolitana de Curitiba foi expressiva e isto contribui para a manutenção da atividade econômica”, opina Mesquita. Todo o Paraná vem registrando uma recuperação rápida na criação de empregos.