Depois de duas semanas de paralisações que se espalharam por todo o Estado, a greve dos bancários deve, hoje, chegar ao fim. A última proposta de acordo oferecida pelos bancos para encerrar o impasse, na última segunda-feira, foi bem recebida pelo Comando Nacional dos grevistas, em reunião realizada no mesmo dia, em São Paulo.
A tendência, agora, é de que as centenas de assembleias que devem ser realizadas hoje, no País, sigam a recomendação do Comando e aprovem a proposta, encerrando a greve. Em Curitiba, a votação acontecerá no início da noite.
A base da proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para os funcionários dos bancos privados é um aumento de 7,5%, que equivale a um reajuste real, descontada a inflação, de 3,1%.
O índice vale para quem ganha até R$ 5.250 mensais. Já os salários maiores terão um adicional de R$ 393,75 ou 4,29%, correspondentes à inflação dos últimos 12 meses, valendo o que for mais vantajoso para o funcionário.
Um dos pontos deixados para o final das discussões, na segunda-feira, foi a compensação dos dias parados. Ficou acordado que a contrapartida será dada no período entre a assinatura da Convenção Coletiva e o dia 15 de dezembro. Outros detalhes que levaram a reunião até a noite envolveram questões de segurança e saúde dos bancários.
Os funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica tiveram acordos específicos, mas que seguiram a mesma porcentagem de aumento. Em ambos o reajuste será de 7,5%.
A diferença é que o índice valerá para todas as verbas salariais e valerá para todos os empregados, independentemente do salário recebido atualmente. O piso salarial também foi elevado, para R$ 1,6 mil.
Houve, ainda, ampliação dos programas de Participação nos Lucros e Resultados (PLRs), de forma diferente para cada instituição, além de mudanças em uma série de benefícios.
A greve dos bancários, este ano, foi marcada por uma série de interditos proibitórios obtidos pelos bancos na Justiça, para impedir bloqueios dos sindicatos nas portas das agências.
Interditos
As medidas tiveram a justificativa de preservar o patrimônio dos bancos, mas os sindicatos dos profissionais se defenderam, afirmando que não havia ameaça ao direito de posse dos estabelecimentos e que as ordens judiciais limitavam o direito constitucional à greve.
Mesmo a Justiça do Trabalho não chegou a um entendimento unânime sobre o tema. Em Curitiba, por exemplo, dois bancos -o HSBC e o Itaú-Unibanco -conseguiram manter válidas as liminares que obtiveram já nos primeiros dias de greve.
Já o Bradesco obteve decisão favorável, de início, mas o Sindicato dos Bancários local conseguiu reverter a medida, dias depois. Isso refletia diretamente no número de agências fechadas e de adesões de funcionários, que na capital variou entre 10 mil e 15 mil.