Foto: Lucimar do Carmo/O Estado

Bancários: nova paralisação não está descartada.

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Os bancários podem parar mais uma vez, desta vez por tempo indeterminado. A possibilidade de greve foi discutida ontem pelo Comando Nacional dos Bancários, em São Paulo, logo depois da reunião frustrada com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). ?Com certeza, o comando vai propor greve?, afirmou o presidente em exercício do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, José Paulo Staub, que esteve ontem em São Paulo participando das negociações.

A radicalização do movimento se deve à proposta econômica apresentada ontem pela Fenaban, que prevê reajuste salarial de 2% – índice abaixo da inflação acumulada nos últimos 12 meses, que é de 2,85% – e PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de 80% do salário, mais R$ 816,00 de parte fixa e R$ 500,00 no caso de o banco aumentar sua lucratividade em pelo menos 25%. A categoria reivindicava reposição da inflação, aumento real de 7,05% e melhoria da PLR, com o pagamento de 100% do salário, abono de R$ 1,5 mil e 5% do lucro líquido linear, que seria pago igualmente para todos os funcionários.

?A proposta é uma vergonha, porque os banqueiros estão propondo é redução salarial. Dois por cento de reajuste não repõe nem a inflação do período e nós queremos é aumento real. Além disso, a proposta dos bancos é menor que a do ano passado, mesmo com aumentos recordes de lucratividade?, afirmou Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, ligado à Central Única dos Trabalhadores).

Foi a sexta rodada de negociações desde o dia 10 de agosto, quando os bancários entregaram a pauta de reivindicações, e a primeira em que os banqueiros fizeram uma proposta econômica. Até então, a Fenaban acenava com reajuste salarial zero para este e os próximos dois anos. A data-base da categoria é 1.º de setembro.

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De acordo com Staub, a proposta de deflagração de greve precisa ser aprovada em assembléia para ter efetividade. No Rio de Janeiro, havia assembléia marcada para ontem, e em Brasília, para hoje. Em Curitiba, não havia assembléia marcada até o final da tarde de ontem. ?Tudo depende da reunião do comando, que vai definir o calendário?, explicou Staub. A tendência é que nova assembléia em Curitiba seja marcada apenas na semana que vem.

Greve de advertência

A reunião entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban ocorreu um dia depois da greve de 24 horas, deflagrada em vários pontos do País. No Paraná, cerca de 160 agências aderiram à paralisação, segundo levantamento do Sindicato dos Bancários. Em Curitiba, 84 agências e sete centros administrativos, de todos os bancos, não tiveram expediente. Mais de 6,5 mil bancários cruzaram os braços e exigiram seriedade da Fenaban na rodada de negociação desta quarta (27). Em Londrina e Apucarana, mais de 40 agências não abriram as portas. Em Campo Mourão, Toledo e Paranavaí foram outras 23 agências. Em Umuarama, em nove agências a abertura foi atrasada em uma hora. Em todo o País, a estimativa é que cerca de 120 mil bancários cruzaram os braços.

Banco do Brasil

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Também ontem a direção do Banco do Brasil apresentou a proposta de PLR. Segundo Staub, a proposta é de 4% de lucro bruto (cerca de R$ 1.814,00) por funcionário, além de um fixo de R$ 412,00, o que totaliza R$ 2.226,00. Também o pagamento de 40% em relação ao valor de referência – pago no ano passado – teve um reajuste para 88%. Isso significa que o menor PLR será de R$ 3,3 mil, explicou Staub. O valor se refere apenas à primeira parcela do benefício, cujo balanço foi fechado em junho. ?O banco teve um lucro muito grande?, explicou. A proposta deverá ser apresentada em assembléia na semana que vem. O Banco do Brasil tem quase 90 mil funcionários em todo o País.