Agências bancárias de Curitiba, especialmente da região central, devem permanecer com as portas fechadas hoje. A paralisação de 24 horas foi aprovada ontem à noite, durante assembléia-geral que reuniu mais de 500 bancários. O protesto faz parte do movimento nacional da categoria e tem como objetivo pressionar os bancos a melhorar a proposta de reajuste salarial. Hoje, representantes dos bancários e da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) tem nova rodada de negociações, em São Paulo.
?Tivemos cinco reuniões do dia 30 de agosto para cá e não houve avanços. Essa paralisação de 24 horas é uma advertência para a greve-geral?, apontou Otávio Dias, secretário de finanças do Sindicato dos Bancários da Grande Curitiba e membro do Comando Nacional – comissão que negocia com a Fenaban. O protesto em Curitiba vai contar com faixas e caminhão de som. A paralisação deve atingir também agências bancárias do interior do Estado, e a idéia é impedir o acesso, inclusive, aos caixas eletrônicos. ?Esperamos que a população compreenda nossa causa. A paralisação se deve à posição truculenta dos banqueiros?, defendeu Dias. No Paraná, há cerca de 25,6 mil bancários – aproximadamente 15,7 mil apenas na Grande Curitiba. São 1.270 agências bancárias em todo o Estado.
Greve
Segundo Otávio Dias, caso as negociações com a entidade patronal não avancem na rodada de hoje – a sexta desde o final do mês passado -, a categoria pode deflagrar greve por tempo indeterminado a partir da próxima quarta-feira. Uma nova assembléia dos bancários está agendada para terça-feira, dia 2, em nível nacional.
A categoria reivindica reajuste salarial de 10,3% – reposição da inflação nos últimos 12 meses mais 5,5% de aumento real -, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de dois salários mais R$ 3,5 mil fixos. Pede, ainda, a criação do piso salarial de R$ 1.628,24 (hoje, é de R$ 869,33) para escriturário, R$ 2.128,24 para caixa, R$ 2.768,00 para comissionado e R$ 3.582,13 para gerente. Também reivindica auxílio cesta-alimentação e auxílio-creche no valor de R$ 380,00, e vale-refeição de R$ 15,32 – reajustado pelo índice. A pauta de reivindicações é nacional e unificada.
A Fenaban ofereceu reajuste de 4,82% – que corresponde à reposição da inflação no período – e a PLR igual à do ano passado: 80% do salário mais R$ 800,00 fixos, além de adicional que varia entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil, vinculado ao lucro dos bancos. ?Alguns bancos deixam de distribuir resultados, e isso não é justo?, apontou Dias.
Lucro dos bancos
Segundo levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o lucro líquido dos dez maiores bancos do País aumentou em 516,4% entre 2000 e 2006, passando de R$ 4,6 bilhões para R$ 28,5 bilhões. Nesse mesmo período, as despesas com pessoal cresceram apenas 71,6%, passando de R$ 19,5 bilhões, em 2000, para R$ 33,5 bilhões, em 2006. O reajuste salarial concedido, porém, foi de 51,30% – ou seja, parte do aumento nas despesas com pessoal ocorreu devido à contratação de mais funcionários. No ano passado, segundo estimativa do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o número de bancários no País somava 435,8 mil – em 1989, eram 800 mil.
