Bancários iniciam campanha salarial

Bancários de Curitiba e Região Metropolitana lançaram ontem nova campanha salarial. Pela manhã, eles se reuniram na Boca Maldita, na capital, com o intuito de expor suas reivindicações à população.

A Campanha Nacional dos Bancários 2010 é unificada em todo País e terá a primeira rodada de negociações entre representantes dos trabalhadores e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no próximo dia 24.

As principais reivindicações da categoria são reajuste salarial de 11% (inflação do período mais 5% de aumento real); participação nos lucros e resultados de três salários mais R$ 4 mil fixos; aumento do piso salarial de R$ 1.074,00 para R$ 2.157,88 (valor do salário mínimo do Dieese -Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos); elevação de auxílio-refeição, cesta-alimentação e auxílio-creche/babá para o valor de um salário mínimo para cada item; além de previdência complementar para todos os bancários.

“Desde 2008, os bancos vêm lucrando muito, independente da crise financeira internacional. Só no primeiro semestre deste ano, o lucro foi correspondente a 25% do patrimônio das instituições. Em função disto, da estabilidade econômica e das boas condições do sistema financeiro, acreditamos que a probabilidade de fecharmos um bom acordo na campanha salarial deste ano é grande”, comenta o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias.

De acordo com o técnico do Dieese-PR, Fabiano Camargo da Silva, de 2008 para 2009 a lucratividade dos bancos no Brasil cresceu 7,38%. “Isto ocorreu mesmo com o PIB (Produto Interno Bruto) em queda de 0,2%, o que demonstra que o lucro bancário tem se mostrado independente do cenário econômico. No primeiro semestre deste ano, o lucro do Banco do Brasil foi de R$ 5,1 bilhões, da Caixa Econômica de R$ 1,7 bilhão, do Bradesco de R$ 4,5 bilhões e do Itaú de R$ 6,4 bilhões”.

Além dos itens ligados às questões salariais, os bancários pedem mais contratações pelos bancos, investimentos na saúde dos trabalhadores e mais segurança nas agências.

“Em relação às contratações, há muita rotatividade de trabalhadores nos bancos. Só em 2009, mais de 30 mil bancários foram substituídos no País, sendo que a situação permanece em 2010. No que diz respeito à saúde, os bancos vem impondo metas abusivas e expondo os trabalhadores à assédio moral, o que gera estresse e diversos outros problemas”, diz Otávio. “Em relação à segurança, assaltos a agências bancárias vêm ocorrendo de forma frequente. Só em Curitiba, nos últimos noventa dias, dois bancários foram sequestrados”.

Sobre a empregabilidade, o técnico do Dieese-PR diz que, também nos seis primeiros meses deste ano, os bancos geraram 9.048 vagas de emprego. Porém, os novos funcionários têm entrado nas instituições com salários 38,04% inferiores que os dos trabalhadores demitidos.

“Funcionários que ocupam cargos de gerência e supervisão foram os mais demitidos. De 2008 para 2009, a empregabilidade bancária cresceu apenas 0,58%. Enquanto isso, o emprego formal em todos os setores da economia aumentou 4,5%”.

Após o lançamento da campanha, os bancários seguiram em passeata até o Banco do Brasil, na Praça Tiradentes. No local, protestaram contra a falta de um plano de carreira, cargos e salários.

“Na campanha salarial de 2009, o Banco do Brasil se comprometeu a apresentar um plano até o último dia 30 de junho. Porém, até agora, nada foi feito e o assunto vem sendo tratado com total descaso pela instituição”.

Atualmente, segundo o Sindicato, existem no Brasil cerca de 465 mil bancários em atividade. No Paraná, são cerca de 25 mil, sendo 17.500 em Curitiba e Região Metropolitana.

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