Trabalhadores rejeitaram proposta de reajuste. |
São Paulo e Rio – Funcionários do Banco do Brasil (BB) decidiram, em assembléia, permanecer em greve por tempo indeterminado em São Paulo. Os bancários paralisaram as atividades nesta terça-feira em sete estados, sobretudo nas capitais, depois de rejeitarem a proposta de reajuste salarial apresentada pelo banco na segunda-feira. Segundo o sindicato da categoria, houve paralisação em quase metade das 175 agências do Estado de São Paulo. Participaram do movimento, segundo os sindicalistas, 70% dos dez mil funcionários no estado.
De acordo com a Confederação Nacional dos Bancários e a Central Única dos Trabalhadores (CNB/CUT), pararam as atividades os bancários de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Florianópolis, com adesão de 77% dos funcionários do BB, em média. Segundo as entidades, bancários de capitais de outros estados fizeram assembléias ontem e também devem engrossar a greve. A paralisação também atingiu cidades do interior, de acordo com a CNB/CUT.
Na Caixa Econômica Federal, entraram em greve, com adesão média de 80%, os bancários de Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Cuiabá. Na avaliação da confederação, a tendência é que o movimento cresça e atinja a quase totalidade da categoria.
Os bancários rejeitaram as propostas apresentas pelas direções do Banco do Brasil e Caixa e esperam um novo posicionamento das direções desses bancos. Na avaliação do presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, a demanda reprimida dos últimos oito anos levou à rejeição da proposta avaliada nas assembléias.” O processo de arrocho salarial sofrido pelos bancários durante o governo FH, quando eles receberam reajustes diferenciados dos bancários do setor privado, fez com que optassem por lutar pela recuperação do poder de compra logo no primeiro ano do novo governo”, disse.
Vagner lembra que a eleição de um governo com uma “visão mais democrática” reacendeu as esperanças dos bancários de recuperar, já no primeiro ano de governo, o poder aquisitivo. Enquanto os bancários do setor privado receberam 95,41% de reajuste de setembro de 1994 a agosto de 2002, os funcionários do BB tiveram 36,15% e os da Caixa, 28,26%.
Na segunda-feira, o BB fez uma proposta de reajuste salarial de 12,6% sobre o piso dos funcionários, a gratificação de caixas e o valor de referência dos comissionados. Sobre o salário básico, foram oferecidos 6,14% mais duas promoções, o que representa um aumento de quase 12,6%. A nova proposta incluiu também abono de R$ 1.500 e participação nos lucros e resultados de 40% mais R$ 325. A Executiva Nacional dos Bancários indicou aprovação da proposta, que acabou negada em assembléias por todo o País. Os bancários do BB insistem em um reajuste de 21,58%, que, além da correção inflacionária do último ano, repõe perdas anteriores.
Os funcionários da Caixa também recusaram a proposta de reajuste da instituição, que é a mesma no setor privado: 12,6%. Essa é a primeira vez, desde 1994, que os dois grandes bancos oficiais concordaram em oferecer aos funcionários o mesmo reajuste conseguido pelos colegas dos bancos privados.
Paralisação no interior
Os bancários de Londrina, no Norte do Paraná, são alguns dos poucos do Brasil que aceitaram a proposta de reajuste de 12,6% e evitaram a greve, que poderia ter começado ontem. Em muitas cidades do estado, como Maringá, Cianorte e Foz do Iguaçu, assim como em algumas capitais brasileiras, os funcionários do Banco do Brasil já estão em greve.
Funcionários do Banco do Brasil podem cruzar os braços hoje em Curitiba e Região Metropolitana, por tempo indeterminado, seguindo a tendência das demais capitais. A decisão seria tomada ontem à noite durante assembléia dos bancários. De acordo com o diretor dos bancos públicos do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, José Paulo Staub, a assembléia realizada na noite de segunda-feira decidiu pela rejeição à proposta da direção da instituição, embora a orientação do comando nacional fosse pela aceitação. “Aqui, não fizemos greve hoje (ontem) como outras capitais. Queríamos primeiro avaliar melhor a proposta”, falou. A última paralisação dos funcionários do BB em Curitiba foi no dia 18 de setembro. Os bancários da Caixa Econômica Federal (CEF) realizam assembléia na quinta-feira.