Bancários da Caixa Econômica Federal atrasaram a abertura das agências Marechal Deodoro e Pinheirinho, de Curitiba, ontem, em pelo menos 30 minutos, em protesto às atitudes tomadas pelo banco, entre elas, a falta de reajuste salarial há oito anos. Uma das principais reivindicações do movimento é para que a diretoria da Caixa cumpra a Convenção Coletiva Nacional dos Bancários, assinada junto à Federação Nacional dos Bancários (Fenaban), no último dia 7, em São Paulo. Na convenção foi determinado um reajuste salarial de 7% sobre o salário, participação nos lucros, abono salarial e demais benefícios.

A Caixa Econômica Federal nega-se a pagar o reajuste de 7% e propõe um aumento de 5%. De acordo com Geraldo da Silva, secretário-geral do Sindicato dos Bancários, a justificativa da Caixa para não dar o aumento de 7% é de que não tem orçamento suficiente para isto. Mas, segundo ele, entre os meses de janeiro e setembro deste ano, o banco obteve um lucro de R$ 1 bilhão. “Com certeza ela tem condições de pagar o reajuste e a participação nos lucros”, diz Geraldo. Silva diz que os bancários só querem o que foi combinado.

Segundo a assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal, a proposta de aumento de 5% do salário já foi apresentada à Contec, que é a classe que representa os funcionários da empresa, que ficou de dar a resposta, se aceita ou não, no dia 27 deste mês. “As propostas estão sendo discutidas. Não se tem nada definido ainda”, informa a assessoria.

De acordo com o secretário-geral, os bancários também estão lutando contra algumas medidas tomadas pela diretoria do banco. “Eles estão desmontando vários setores, inclusive na área da saúde”, fala. Ele diz que esta diretoria, que está no comando desde o início do governo FHC, ou seja, há oito anos, criou mais de 20 cargos de chefia, sendo que cada diretor recebe um salário de R$ 17 mil por mês. “Além de receberem este salário, eles ainda têm um seguro-desemprego de um ano”, revolta-se Geraldo. Ele conta que o alto escalão da empresa teve um reajuste de até 77%. “Isso é provocação, não é?”, questiona.

A diretoria atual tem menos de quarenta dias de governo, e segundo Geraldo da Silva, ela continua fazendo mudanças, que na sua opinião, são para dificultar o trabalho da próxima diretoria. Segundo ele, ela está esvaziando setores importantes para a população, como o financiamento da habitação, o FGTS e PIS.

Em relação às mudanças, a assessoria diz que fazem parte de um processo de medidas que se concretizaram apenas agora. Para ela, essas mudanças visam a participação dos funcionários na administração corporativa da empresa, ou seja, só vêm a ajudar. “Elas aumentaram as chances de os trabalhadores crescerem dentro da empresa”, enfatiza a assessoria.

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