Fabio Scremin/Appa |
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Em janeiro, importações somaram US$ 1,283 bilhão, valor 41,34% superior ao de 2010. |
A balança comercial paranaense começou 2011 com o pior resultado para um mês de janeiro desde 2003. Com aumento de 41,34% nas importações – quase o dobro do avanço nas exportações -, o saldo do comércio exterior do Estado ficou negativo em US$ 418 milhões.
Os números mostram ainda que, por conta da valorização cambial, a rentabilidade das empresas exportadoras paranaenses vem caindo. Na análise do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), essa tendência representa riscos para a sustentação da atividade econômica interna brasileira.
Em janeiro, as exportações paranaenses somaram US$ 864 milhões, 22,51% acima do valor registrado no mesmo mês de 2010. As vendas de carnes para o exterior tiveram a maior participação relativa, com 19,11% do total exportado, apresentando um crescimento de 233,38% em relação a janeiro do ano passado. Com isso, deslocaram os produtos do complexo soja para a segunda colocação nas exportações do Estado, com 18,19% do total. Dos 15 grupos de produtos mais significativos, apenas quatro tiveram queda no comércio exterior. A redução afetou inclusive a categoria de material de transportes, que apesar disso se manteve como o terceiro principal item exportado.
Se o aumento das exportações em dólares ficou em 22,51%, o mesmo crescimento não foi observado ao se converterem os valores para real. Com um total exportado de R$ 1,448 bilhão, considerando o câmbio mensal médio divulgado pelo Banco Central, o aumento das vendas – ao ser feita a conversão – foi de apenas 15,29%. Quando se consideram as vendas para a Zona do Euro – responsáveis por um terço do valor total exportado – o crescimento da receita em reais foi ainda menor: 12,52%.
“Continua, portanto, a progressiva diminuição de rentabilidade das empresas exportadoras brasileiras e paranaenses”, afirma o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt. “Essa diferença se deve à apreciação do real frente às moedas de circulação internacional, que vem comprimindo sistematicamente as receitas em moeda corrente doméstica dos exportadores e prejudicando sensivelmente a competitividade dos nossos produtos no exterior”, acrescenta.
Além da perda de rentabilidade das exportações, o Paraná vem observando um crescimento acelerado da entrada de produtos estrangeiros. Em janeiro, as importações do Estado somaram US$ 1,283 bilhão, valor 41,34% maior ao do mesmo mês do ano passado. Foi o sexto mês consecutivo em que as compras do exterior superaram a marca de US$ 1 bilhão. O maior aumento em janeiro foi na categoria de bens de consumo (+73,6%).
No acumulado dos últimos cinco anos, as importações dessa categoria também foram as que mais cresceram: 463,12% entre 2005 e 2010. Em seguida aparecem bens de capital (307%), combustíveis e lubrificantes (268,72%) e bens intermediários (123,52%).
Alerta
O saldo líquido da balança paranaense foi negativo pelo quinto mês consecutivo desde setembro de 2010. “O saldo comercial de apenas um estado pode gerar algum desvio de análise, mas serve para identificar tendências e mudanças no perfil de intercâmbio com outros países”, diz Maurílio Schmitt. “E o ritmo de evolução das exportações bem menor que o das importações sinaliza alguma restrição à sustentação da atividade econômica interna em futuro não muito distante”, acrescenta.
Outro sinal, segundo Schmitt, é a característica dos grupos de produtos que vêm apresentando resultados positivos em suas balanças comerciais. Os que têm melhores desempenhos provêm do agronegócio: complexo soja, carnes, açúcares madeira, cereais e preparações alimentícias diversas. “Os demais grupos, que têm balança comercial negativa, são todos de produtos industrializados”, conclui.