Brasília
– Em tempos de turbulência no mercado financeiro e cambial, uma boa notícia: a balança comercial alcançou em julho um saldo positivo de US$ 1,197 bilhão, o maior desde outubro de 1994, e já acumula um superávit de US$ 6,4 bilhões nos últimos 12 meses (ou US$ 3,8 bilhões nos sete meses de 2002). O resultado acumulado em 12 meses supera a previsão inicial do governo de US$ 5 bilhões de saldo para este ano, que deverá ser revista nas próximas semanas.“Estamos fazendo um trabalho conjunto com o Banco Central para chegar a uma nova previsão”, informou a secretária de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Lytha Spíndola. Segundo ela, o número de julho é “excepcionalmente bom”, mas ainda sofre o efeito da normalização dos registros de exportações posterior à greve da Receita Federal.
As exportações de julho bateram um recorde histórico, chegando a US$ 6,223 bilhões – 25% a mais do que no mesmo mês de 2001. No acumulado do ano, elas seguem 7,7% abaixo de 2001, embora com tendência de recuperação. A queda de 10,7% verificada no primeiro quadrimestre, por exemplo, caiu para 4,1% entre maio e julho.
De acordo com a secretária, essa recuperação se deve principalmente à safra agrícola e à alta dos preços internacionais de commodities (o preço do óleo de soja, por exemplo, subiu 33% em relação ao ano passado) e, em menor escala à desvalorização do real, que ainda é um fenômeno recente. O impacto definitivo do choque cambial sobre as exportações, segundo Lytha, dependerá do tempo pelo qual a atual situação se prolongar.
“Uma semana de desvalorização não tem muito efeito sobre o comércio exterior”, disse a secretária. Segundo ela, o fechamento de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) pode beneficiar os exportadores, que estão sofrendo com a escassez de linhas de financiamento em conseqüência da dificuldade dos bancos brasileiros em conseguir “hedge” (proteção cambial) no exterior.
“O exportador precisa de segurança e previsibilidade para fechar seus contratos”, disse, acrescentando que o ministro Sérgio Amaral está “cuidando”, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dos problemas de financiamento levantados pelos exportadores.
O quadro das exportações por bloco econômico revela uma crescente participação asiática. As vendas para a Argentina, por outro lado, continuam mais de 50% abaixo do nível de 2001.