O brasileiro já pode comprar carro zero parcelado num prazo superior a oito anos ou 99 meses, pagando juros de 0,89% ao mês ou 11,21% ao ano. A taxa é inferior à Selic, a taxa básica de juros, que está em 11,25% ao ano. Isso permitiu que uma fatia expressiva da população de menor renda comprasse pela primeira vez um carro novo.

continua após a publicidade

Pesquisa da MSantos com 2,3 mil clientes em seis feirões de veículos revela que 43% dos compradores estavam adquirindo um carro zero pela primeira vez. Em 2006, a participação desse tipo de cliente não passava de 20%. Um estudo da LatinPanel, empresa de pesquisa de consumo da América Latina, mostra que as famílias da classe C, com renda média mensal de R$ 1.384, ampliaram neste ano em 11% o gasto médio com financiamento de veículos em relação a 2006. A variação supera a registrada no período para a média da população, que foi de 8%.

Os planos de pagamento de longo prazo já preocupam os próprios executivos das montadoras veículos. Em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Ray Young, que deixou a presidência da GM do Brasil no começo do mês, disse que o crédito farto para o financiamento de veículos pode provocar uma crise financeira semelhante à que ocorre no mercado imobiliário de hipotecas de alto risco nos EUA (subprime). ?Esse pode ser o nosso subprime?, afirmou. Essa preocupação também é compartilhada pelo seu sucessor, o colombiano Jaime Ardilla.

Para o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Montenegro, ?cabe o alerta?. Mas ele pondera que as condições atuais não configuram um cenário semelhante ao norte-americano. Ele destaca que o crescimento do emprego e da renda sustenta esse mercado, os bancos fazem uma análise criteriosa para aprovar o crédito e as camadas de menor renda pagam em dia, porque precisam ter o nome limpo.

continua após a publicidade