A lavoura cítrica de pelo menos 54 municípios do Paraná já sofre com uma bactéria que destrói a plantação e se dissemina muito rápido, pois a contaminação de todas essas cidades ocorreu em dois anos, através da Huanglongbing, mais conhecida como HLB (“doença do ramo amarelo”, traduzindo a sigla para o português) ou greening (verde, em português). Nestes 54 municípios, pelo menos 20% das 500 propriedades de laranja, limão e tangerina já sofrem com a doença.
A bactéria é transmitida pelo inseto Diahporina Citri e está presente no Paraná, em São Paulo e em Minas Gerais.
A incidência dentro das lavouras, no entanto, não é tão grande ainda, varia entre 0,3 e 0,5%. Por enquanto, o que assusta é a rápida disseminação da doença, que deixa um dos ramos da planta amarelado. O engenheiro agrônomo da Secretaria Estadual de Agricultura (Seab) em Maringá, José Croce, explica que a bactéria entra no sistema de circulação da seiva da planta, o que pode destruí-la rapidamente. A Seab ainda não calculou os prejuízos que os produtores já tiveram com a bactéria. Porém, se considerar que cada planta pode ser responsável por duas caixas de frutas, e que cada caixa vale cerca de R$ 15, então o agricultor deve perder R$ 30 por planta afetada.
Croce adverte que é preciso tomar alguns cuidados, como fazer as quatro inspeções anuais (que são obrigatórias), eliminar a planta doente (cortar o ramo que estiver amarelado) e, ainda, pulverizar a plantação com o inseticida que ataca a bactéria. “O controle tem sido satisfatório, mas é preciso cuidar. Estimamos que até o final deste mês a bactéria chegue a 60 cidades”, informou Croce. O agricultor que não informa à Seab as suas inspeções tem que pagar multas, que variam de R$ 2 a R$ 5 mil.
O pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar-PR), de Londrina, Rui Pereira Leite Júnior, disse que a preocupação é a quantidade de cidades atingidas, já que a bactéria é disseminada por um inseto. “Fazemos analogia com a dengue. Se tem alguém doente, a probabilidade de outra pessoa também ficar doente é grande. O mesmo pode ser aplicado com a planta”, comentou.
O “greening” ocorre no Brasil desde 2004 (em São Paulo). No Paraná, a bactéria chegou em 2007. Porém, na China e na África já há notícias de ocorrências bem antes de 2004. Em volume, o Paraná é o primeiro produtor brasileiro de laranja, com 13 milhões de caixa por ano.