A B3 acaba de reduzir as tarifas cobradas para a negociação de ações, de olho no desenvolvimento do mercado e para a atração da pessoa física, que em 2019 ultrapassou 1,5 milhão de investidores, número que dobrou em um ano na esteira da queda das taxas de juros no Brasil. A mudança ocorre ainda na expectativa do mercado com a chegada de um novo concorrente para o mercado de renda variável no Brasil, após o acordo da B3 com a ATS, que tinha planos de abrir uma bolsa no Brasil.
A Bolsa informou que um dos principais impactos com o novo modelo de tarifação se concentrará no pequeno investidor de varejo. Segundo a B3, a taxa mensal de manutenção de conta, atualmente de cerca de R$ 110 ao ano, será zerada. Uma das intenções, com essa medida, é que as corretoras ampliem a base de clientes pessoa física. A tarifa cobrada na negociação de ações na B3 também cairá cerca de 10% para as pessoas físicas em geral.
No fim do ano passado, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, disse a jornalistas que a companhia vinha debruçada sobre esse assunto depois de observar que muitas corretoras estavam absorvendo esses custos e não repassando aos seus clientes. “Estamos sensíveis à questão de tarifação para garantir que o crescimento da pessoa física continue”, comentou, na ocasião.
No anúncio feito nesta quinta-feira, 2, a B3 informou também que clientes que tiverem até R$ 20 mil de saldo em custódia numa mesma corretora serão isentos das demais taxas de manutenção de conta, como as cobranças sobre o pagamento de proventos e valor em custódia. Segundo a companhia, essas medidas atingem cerca de 65% da base de investidores pessoa física que hoje têm saldo em contas de renda variável na B3.
“A B3 reconhece seu papel central no desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. Isso envolve oferecer novos produtos, melhorar serviços prestados e estimular mais negociação e expansão da base clientes por meio de mecanismos de preços e incentivos. É isso que estamos fazendo hoje. Acreditamos que esta nova estrutura de tarifação cumpre esses objetivos”, afirma Finkelsztain, em nota à imprensa.
Segundo a Bolsa, essa redução da tarifas está em linha com a decisão anunciada pela B3 de compartilhar, com os clientes e o mercado, os benefícios dos ganhos de escala do seu negócio. Essa foi, aliás, uma promessa feita junto ao mercado na época das negociações da fusão entre BM&FBovespa e Cetip, concretizada há quase três anos. A B3 informa que a medida representa uma redução de aproximadamente R$ 250 milhões nas tarifas pagas pelos clientes da B3 no ano considerando os volumes negociados nos últimos 12 meses.
A B3 frisa que no ano passado, os investidores de varejo foram um dos destaques no crescimento do mercado de capitais brasileiro. Dos 1,5 milhão de investidores, cerca de um terço dessas contas tem até R$ 5 mil investidos em renda variável. Na prática, isso significa que a redução de tarifas afeta diretamente esse grupo de pequenos investidores.
Juros baixos
A Bolsa destaca, ainda, que o cenário de juros baixos no Brasil deve continuar incentivando a mudança no perfil dos investimentos e que há muito potencial para crescimento do número de investidores pessoas físicas.
A expectativa da Bolsa é que essas mudanças sejam implementadas ao longo deste ano, conforme a “capacidade do mercado de adaptar seus sistemas e processos para a nova tarifação”. “Além disso, há quase 20 milhões de investidores em caderneta de poupança com saldo acima de R$ 5 mil, que somam R$ 730 bilhões em depósitos, e podem buscar fontes alternativas que proporcionem maiores rendimentos”, destaca a companhia.