Awazu repete que Brasil tem fundamentos sólidos

O diretor da área internacional e normas do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, afirmou nesta sexta-feira, 22, que vários fatores sustentam a avaliação de que o Brasil tem fundamentos econômicos sólidos. Ele ressaltou que o País tem um sistema produtivo bem diversificado e é um grande receptor de investimentos estrangeiros diretos, um dos maiores do mundo, que atinge um patamar de US$ 60 bilhões a US$ 65 bilhões por ano.

“Temos reagido de forma tempestiva a choques externos de maneira bastante clássica”, comentou Awazu, que participa do seminário que marca os 20 anos da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). “O Brasil tem atuado com pragmatismo. Não caímos nem no excesso de otimismo nem os desafios que temos nos levam a uma situação pessimista”, apontou. “Temos de ter conhecimento do potencial de crescimento com avanço da produtividade total de fatores, o que já estamos fazendo”, comentou.

Estratégia

Awazu reiterou que o Brasil não foi pego de surpresa pelos impactos da crise internacional. Segundo ele, o País enfrentou com investimentos em capital humano o momento de turbulência que levou ao aumento da taxa de desemprego nos países de economia avançada.

Ele disse ainda que as medidas de cunho cambial são a primeira linha de defesa da autoridade monetária contra os impactos da crise. No entanto, destacou, em algum momento, “achamos que a oferta da rede de proteção deveria ser feita com mais previsibilidade”.

O diretor explicou que era necessário que o setor produtivo tivesse ciência de que nos momentos de volatilidade da economia que os instrumentos de proteção estariam à sua disposição e isso tem sido bem-sucedido porque o tomador final está tendo acesso a esse hedge. Ele acrescentou que essa oferta de hedge cambial vem assegurando previsibilidade no momento em que os países avançados estão vivenciando um processo de deterioração de suas expectativas.

Awazu afirmou que o BC entende que é necessário que os países em dificuldade tenham acesso às instituições multilaterais, como o FMI, por exemplo, para que possam complementar as suas reservas e garantir a estabilidade financeira, como fez o México mais recentemente. “O Brasil se preparou para isso, não está sendo surpreendido pelos problemas. Sabemos que, em algum momento, as nossas medidas não convencionais serão necessárias”, declarou.

Ainda segundo o diretor do BC, a autoridade monetária também entendeu que nos momentos de pressões inflacionárias teria que ocorrer um aperto monetário e assim foi feito. Ele reiterou que as autoridades brasileiras se prepararam bem antes de os problemas aparecerem.

Dados de alta frequência

Awazu disse ainda que o País tem de estar atento aos problemas que levaram à crise mundial, mas que não deve focar a atenção apenas nos indicadores de alta frequência, que geram pessimismo. De acordo com ele, o Brasil tem agido de forma a responder às demandas por crescimento. “Temos investido em infraestrutura e capital humano para responder a essas questões”.

Segundo Awazu, existe grande demanda pelos programas de concessões de rodovias, de transporte de cargas e aeroportos. “Isso é uma resposta à demanda por crescimento. Temos um quadro econômico global complexo, mas em desenvolvimento”, afirmou, ressaltando que muitos dos desafios para a retomada da atividade econômica já estão sendo endereçados.

O diretor disse também que medidas não convencionais adotadas pelos países avançados não conseguiram recuperar nem o crédito nem a indústria, com exceção dos EUA, que vem observando uma recuperação gradual do apetite dos investidores. “É um problema complexo”, disse Awazu.

De acordo com ele, não se sabe ainda se essas políticas não convencionais vão manter os juros baixos nos países avançado por muito tempo. “A pergunta que se coloca é se será necessário esperar um novo ciclo de transformações para que a economia global entre em um novo ciclo de crescimento”. Ainda de acordo com ele, o que se discute muito é se o crescimento da economia mundial vai caminhar para o padrão europeu, minimalista diante dos padrões anglo-saxões.

Segundo Awazu, questiona-se muito também qual será o PIB potencial das economias avançadas, o que é difícil de se prever, pois é preciso esperar o que esses governos vão oferecer para sua sociedade.

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