Aviões ficam cada vez com menos espaço

Foto: Arquivo/O Estado

Aviões cada vez maiores e com mais assentos.

Vai aí um espaço extra para as pernas? Depois de espremer os passageiros como numa lata de sardinha, algumas companhias aéreas européias estão cobrando uma tarifa extra de 15 euros (R$ 40) para garantir uma reserva nos cada vez mais cobiçados assentos próximos às saídas de emergência.

?Foram os 15 euros mais bem gastos da minha vida?, diz Jackson Bezerra, 1,96 metro de altura, empresário do cantor Ed Motta. Eles acabam de voltar de uma turnê pela Europa e tiveram de encarar seis horas de viagem na empresa de baixo custo espanhola Air Europa. ?É o verdadeiro bode na sala, depois que tira parece uma maravilha. Qualquer espaço extra é um alívio.?

No Brasil, os passageiros da TAM e da Gol, que hoje já voam com menos conforto do que nos tempos em que a Varig dominava o mercado, podem se preparar para mais uma rodada de apertos. A TAM aproveitou seu aniversário de 30 anos para reformular o interior dos aviões de toda sua frota, com assentos mais modernos. Os modelos A319 e A320 ganharam uma nova fileira de seis assentos.

Agora, o A319 comporta 144 passageiros e o A320, 174 passageiros. A largura das poltronas permanece a mesma, mas a distância foi reduzida em 3,7 centímetros, para 77,5 cm. ?Fizemos testes com diversos tamanhos de passageiros e acreditamos que o nível de conforto está adequado?, diz o vice-presidente técnico e operacional da TAM, Ruy Amparo. Segundo ele, a nova distância entre as poltronas está dentro dos padrões mundiais para as classes econômicas em vôos domésticos.

A expectativa é de que até o final do ano toda a frota da TAM esteja com a nova configuração. Com materiais mais leves na estrutura da poltrona e também no estofamento e no carpete, o novo interior irá representar uma economia de R$ 1 milhão por ano para a empresa. Descontada a fileira adicional, são 150 quilos a menos por avião.

Gol

A Gol começou a receber os primeiros Boeings 737-800, que vêm de fábrica com 187 assentos. São dez lugares a mais do que no avião do mesmo modelo usado hoje pela empresa. ?O avião está maior, reduzimos a cozinha, e desenvolvemos uma tecnologia que permite assentos mais leves e mais finos?, diz o vice-presidente de operações da Gol, David Barioni. Ele garante que não houve alterações na distância entre os assentos. ?A distância entre os assentos permanece entre 77,5 cm e 80,2 cm, dependendo da fileira.? Com o novo equipamento, a Gol irá economizar 1 tonelada por avião e terá uma economia de combustível de 3% ao ano.

Responsável por introduzir novos padrões de baixo custo no País, a Gol nasceu mais apertada que a Varig. Com a maior parte de sua frota no chão por falta de dinheiro para manutenção, a Varig mantinha uma distância média entre as poltronas de pelo menos 83,8 cm.

Isso sem falar nos tempos em que existia classe executiva em vôos domésticos. A Varig eliminou a executiva doméstica no início do ano passado. A TAM, que introduziu o sistema de duas classes em 99, cortou a executiva em 2002.

?O que a companhia vende é o espaço disponível no piso do avião. Quanto mais espaço o passageiro ocupa, mais ele vai pagar por isso?, diz o consultor Paulo Sampaio. Não é por outra razão que os assentos da primeira classe custam pelo menos três vezes mais do que um bilhete de econômica.

Nos vôos internacionais de longo curso, o que se vê são primeiras classes cada vez mais confortáveis – com verdadeiras camas e 1,90 m de distância entre elas – e classes econômicas cada vez mais apertadas. A distância entre assentos na classe econômica, que era de 86,4 cm em média nos anos 70, hoje se mantém no padrão de 81,3 cm na maioria das companhias. Para compensar o desconforto, as companhias fazem alguns truques, como elevar a altura das poltronas em relação ao chão.

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