Avicultores preocupados com escassez do milho

O setor avícola brasileiro está preocupado com a possível escassez do milho. A fim de discutir alternativas para o problema, produtores do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas – responsáveis por quase 90% da produção de aves nacional – se reuniram, ontem, em Curitiba. Os avicultores afirmam que, para contornar a situação, vão reduzir investimentos e produção. Até a próxima safra, início de março, o setor não deve fechar nenhum novo contrato de exportação.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias dos Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, o que preocupa o setor é não saber qual o estoque atual do produto e se será suficiente até a próxima safra. ?O governo não sinalizou com precisão qual o estoque da Conab e das cooperativas, ninguém sabe?, comenta.

Martins explica que 65% do alimento do frango é o milho. O consumo do produto pelo setor avícola do País é de 36 milhões de toneladas ao ano. No Paraná, responsável por 27% da produção nacional, é de 10 milhões. ?Chegou a um patamar que para nós, no Paraná, está inviável produzir frango no preço que estamos trabalhando. O preço do frango não subiu nem 10%, enquanto o milho, de maio até agora, subiu 50%?, diz. O presidente do Sindiavipar afirma que, dessa forma, não tem como evitar o aumento de preço para o consumidor, o que deve acontecer.

Ontem, na reunião, o setor levantou alternativas para contornar o preço e se preparar para uma possível falta de milho. Além de postergar o aumento da produção e os investimentos, pelo menos até março de 2008, reduzir a produção, em até 30%, foi uma das propostas. ?Presumimos que em fevereiro e março não encontraremos mais o produto. Estamos pagando caro pelo milho enquanto ainda tem, pior será não ter alimento para o frango?, diz o produtor. Outra medida cogitada é o não fechamento de novos contratos de exportação, até a nova safra.

Importar milho também é outra saída. ?Estamos pensando em primeiro tentar viabilizar a importação do milho da Argentina e estudamos um possível contrato com o Paraguai. O preço internacional, hoje, é mais barato que aqui. Em São Paulo, por exemplo, a saca hoje está R$ 34. Esse milho da Argentina entraria por R$ 29?, afirma Martins. Ele ainda comenta que essa diferença entre o preço interno e externo ?se deve à defasagem atual entre o que o setor precisa e o que está disponível no mercado?.

Martins ainda comentou que essa tensão entre os avicultores seria um erro de estratégia do próprio setor. ?Em 2006, o Brasil exportou quatro milhões de toneladas. Esperávamos o mesmo para este ano. Porém, já foram exportados quase 11 milhões do produto. Com o mercado internacional aquecido assim, tenho comigo que nunca mais iremos comprar milho barato?, conclui.

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