Mercado que reflete a confiança dos empresários sobre a economia do País, a aviação executiva deve permanecer estável neste ano, sem o ritmo intenso vivido nos últimos dez anos, quando a frota nacional dobrou de tamanho. Com previsão de vendas iguais ou menores a 2013, a estratégia agora é fidelizar os clientes com uma maior oferta de serviços para aeronaves.
Duas empresas líderes no segmento investiram este ano cerca de R$ 80 milhões em centros de manutenção. Em março, a Embraer, no topo do ranking, inaugurou em Sorocaba (SP), seu sexto centro de manutenção, com aporte de R$ 50 milhões. A ideia é estar próximo de grandes empresas e da sede da companhia. Em direção a outro mercado, a TAM Aviação Executiva mira o Nordeste, onde estão 20% da frota de jatos vendidos pela companhia, que representa duas marcas no País.
O objetivo da empresa, totalmente controlada pela família Rolim e desligada do grupo Latam, é inaugurar até o terceiro trimestre seu segundo centro de manutenção em Aracati, no litoral do Ceará. O investimento de R$ 30 milhões já prevê uma futura expansão para atender, também, clientes no norte da América Latina, com mercados em franco crescimento, como a Venezuela e Panamá.
“Tínhamos uma demanda grande de nosso cliente com esses jatos, em dificuldade e custo de trazer essas aeronaves para o nosso centro de manutenção em Jundiaí”, diz o presidente Fernando Pinho. “O norte da América Latina é um mercado que prospectaremos.”
O centro, que fica perto da praia de Canoa Quebrada, está em fase de finalização. O segmento turístico também pesou para a escolha, com a possibilidade do terminal local em receber voos charter. A previsão inicial era inaugurar em janeiro, mas houve atrasos nas obras e das licenças junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Pelo projeto, também haverá formação de mão de obra especializada para atender a demanda de contratação de 200 funcionários em cinco anos. A intenção é também abrir um novo centro em Belo Horizonte. “Priorizamos a manutenção e desenvolvimento de mão de obra, e posicionamento geográfico, com hangares e estacionamento”, explica o executivo.
Projeções
A busca por alternativas é uma saída para o segmento, que sente a queda na confiança do empresário sobre a economia do País. Levantamento da Embraer aponta que 55% da frota brasileira foi adquirida nos últimos 10 anos. Nesse contexto, a incorporação de uma aeronave representa, para grandes executivos, a possibilidade de cortar custos e tempo nas decisões estratégicas.
Mas, o cenário em 2013 já mostrava um arrefecimento dos ânimos, segundo Fernando Pinho, da TAM Aviação Executiva. O faturamento naquele ano foi 10% menor que em 2012, e a previsão para 2014 é de manutenção dos níveis, com a venda de novas aeronaves estacionadas entre 40 e 45 unidades. “Desenhamos um mercado crescente a partir de 2015, acima de 60 aeronaves”, diz. “O humor do empresário tem influencia direta no crescimento ou não da indústria.”
Em linha semelhante, a avaliação da Embraer obteve alta de 20% nas vendas entre 2012 e 2013. Para este ano, entretanto, a meta é manter a média de 120 aeronaves vendidas ao mercado global, semelhante ao patamar obtido no último ano. Na avaliação de Marco Túlio Pellegrini, presidente da Embraer Aviação Executiva, há espaço para crescimento no País.
“O mercado brasileiro ainda está em amadurecimento”, afirma. Ainda assim, ele vê a inauguração do centro de Sorocaba como um “movimento estratégico de diversificação” da Embraer. A empresa planeja ampliar a rede de atendimento e pós venda com centros autorizados no Nordeste. O segmento representa 26% do faturamento da empresa, estimado em US$ 6,5 bilhões em 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.