Avestruz, um bom negócio

A maior ave do mundo, a avestruz, está sendo criada no Brasil há cerca de oito anos. Ela chegou nos Campos Gerais, mais especificamente em Ponta Grossa, através dos curiosos empresários Ricardo Triewieler, um administrador de empresas e de seu sócio, Márcio Adair Anest.

Em 1999, quando Ricardo estava se formando em Administração de Empresas, tomou como projeto de sua pesquisa estudantil a criação de avestruzes e dali surgiu o seu futuro negócio, hoje desenvolvido numa pequena propriedade nos arredores de Ponta Grossa. Eles são orientados pela veterinária Andréa Carpin. Contam atualmente com 450 animais, sendo a grande maioria deles de terceiros (seis proprietários), de Ponta Grossa, Curitiba e outras regiões do Paraná.

Tanto é o entusiasmo pela criação de avestruzes, que o Paraná ganhou em setembro do ano passado a primeira Cooperativa dos Criadores e Produtores de Avestruz, a Estrutiopar, composta por vinte profissionais das mais diversas áreas que apostaram suas fichas no sucesso da estrutiocultura, como é chamada a criação dessas aves. O objetivo é alcançar o mercado exportador e ao mesmo tempo baratear os custos para a colocação do produto derivado da avestruz no mercado interno brasileiro.

Aos poucos a estrutiocultura se transforma numa expressiva atividade agropecuária, principalmente pelos resultados que podem ser rentáveis e animadores. Uma ave adulta chega a ser vendida por R$ 6 mil e um filhote, por R$ 2 mil. São Paulo ainda é o estado brasileiro mais especializado na área, possuindo os maiores plantéis.

Mas em Ponta Grossa as pesquisas vêm progredindo nas várias áreas de desenvolvimento como a incubação dos ovos, cuidados com as matrizes e organização dos piquetes, como são chamados os locais onde são criadas as avestruzes para reprodução e abate.

O maior desafio é adaptar essas aves ao clima. No primeiro ano de criação, Ricardo registrou índices de mortalidade de até 60% no seu plantel. Já no segundo ano esses números reduziram para 30% e agora, já mais experientes, as perdas não ultrapassam os 7%. O período de risco é nos primeiros 90 dias de vida da avestruz. Passada essa fase, o controle fica mais fácil. Então serão 70 anos de vida, com 40 no mínimo de fase reprodutiva e economicamente viável.

As posturas são férteis, indo de agosto a março e numa média, dependendo do clima favorável, de 40 ovos/ano, isso quando uma fêmea alcança duas a três posturas. As matrizes ponta-grossenses são originárias da Espanha e dos Estados Unidos. “São as que melhor se adaptaram ao Brasil”, dizem os empresários.

Uma avestruz fornece, entre os 12 a 14 meses, sua idade de abate, de 35 a 40 quilos de carne. Além da carne, o couro é muito procurado pelas grandes grifes. Cada animal tem de 1,20 a 1,50 metro quadrado de couro e 1,200 kg de plumas, usadas para adornos e espanadores. O bico serve para fabricação de botões, os ossos para farinha, os cílios para pincéis ou cílios postiços e atualmente há estudos até para o aproveitamento da córnea do animal para transplantes em humanos. O óleo da gordura vem sendo indicado também para fins cosméticos e medicinais, como cicatrizante eficaz, nas queimaduras, artrites e artroses.

A carne dessa ave é vermelha e muito saborosa, semelhante à do boi, embora mais saudável. Como a criação ainda é pouco praticada no Brasil, a carne de avestruz é difícil de se encontrar e, por isso, muito cara, de R$ 40 a R$ 60 o quilo. É rica em Omega 3, 6 e 9, possui um quarto de colesterol da carne bovina, metade do colesterol encontrado na carne de frango ou peru, revela Ricardo Triewieler.

Um ovo de avestruz vale por 24 ovos de galinha, com a vantagem de que possui índice de colesterol igual a um ovo de galinha.

Depois do nascimento, os filhotes ficam 3 dias na maternidade e 4 semanas em um ambiente com temperatura controlada, chamado de berçário, antes de serem entregues ao criador.

Ainda não existe abate

Em cinco anos de investimento, dado ao pioneirismo e o aprimoramento nas pesquisas, Ricardo Triewieler comenta que agora começa a ter os primeiros lucros. “Foram praticamente quatro anos de estudos para me equilibrar e sem sobras de dinheiro.”

A tendência agora, da empresa que ele montou, a TW Avestruz, é se integrar no trabalho cooperativo, dividindo a criação em fases. “Teremos especialistas apenas em ovos (reprodutores), outros numa segunda fase, que vai do primeiro dia de vida a três a quatro meses e aqueles que desenvolverão os animais entre 12 e 14 meses de vida, quando as avestruzes estarão prontas para ser entregues ao frigorífico, para o abate”, explica.

Por enquanto não se fala em abate comercial em Ponta Grossa e Região. A meta até aqui foi apenas de reprodução e pesquisa. Mas num futuro próximo, com a técnica mais desenvolvida e a adesão de novos criadores, já se pensa em linha de produção para abate.

A carne que existe hoje em algumas boutiques vem principalmente de São Paulo. São produtos de animais de descarte já que não existe produção suficiente para escala comercial. (OG)

Comparação entre os valores nutricionais

de diferentes tipos de carne (por 85 g)

Carne de

Calorias

Protídios

Lipídeos

Colesterol

Bovino

240

23

15

77

Suíno

275

24

19

84

Frango

140

27

3

73

Peru

135

25

3

59

Avestruz

97

22

2

58

Fonte: “Nutritive value of foods” U.S.D.A. ? 1995

Espécie

Gestação/
Incubação

Tempo de engorda

Animais abatidos/
fêmea/ano

Carne

Couro

Plumas

Bovino

9 meses

2-3 anos

1 bezerro

240 kg

3 m²

Avestruz

42 dias

1 ano

20-30 aves

1.000 kg

40 m²

40 kg

Fonte: Site www.portaldoavestruz.com.br

Valor de um animal de 12-14 meses abatido

(Dados americanos, 1997)

Produto

Quantidade/animal

Valor US$

Carne

30 – 40 kg

400

Couro

1,2 – 1,5 m²

250

Plumas

1 – 2 kg

100

Total

750

Fonte: Site www.portaldoavestruz.com.br

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